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Maduro espera abrir canais de ‘diálogo’ com Biden

O presidente Nicolás Maduro fala com correspondentes estrangeiros no dia 8 de dezembro no Palácio Miraflores, em Caracas afp_tickers

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (8) que espera abrir canais de “comunicação e diálogo” com o governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, após a tensão com o governo de Donald Trump.

“Sempre estivemos dispostos e sempre estaremos dispostos a estabelecer relações de comunicação, diálogo e respeito”, disse Maduro em entrevista coletiva com correspondentes em Caracas.

“Esperamos que o novo governo do senhor Joe Biden seja empossado, esperamos que tenham tempo para pensar e esperamos que se abram possibilidades de comunicação e diálogo entre a Venezuela e os Estados Unidos”, acrescentou.

Nas últimas semanas, Maduro fez vários apelos ao diálogo com Biden após quatro anos de duros confrontos com o governo Trump, que o chama de “ditador” e reconhece o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

“A política de Donald Trump para a Venezuela falhou miseravelmente”, concordou o líder socialista.

Washington tem uma política aberta de enfrentamento a Maduro, com uma avalanche de sanções contra o país, incluindo um embargo ao petróleo.

Biden, que assumirá o poder em 20 de janeiro, também disse que o presidente venezuelano “é simplesmente um ditador”, embora analistas acreditem que ele será mais moderado e defenderá a mediação internacional para uma transição gradual para um novo governo venezuelano.

As tensões entre Caracas e Washington têm sido constantes desde a era do ex-presidente socialista Hugo Chávez (1999-2013), mas alcançaram novos picos com Maduro e Trump no poder.

Trump chegou a dizer que “todas as opções” estavam sobre a mesa na crise venezuelana, aludindo a uma via militar.

Maduro disse nesta terça-feira que a relação entre Caracas e Washington foi melhor durante o governo de Barack Obama, de quem Biden era vice-presidente, embora tenha começado a se deteriorar em 2015 com o decreto que declara a Venezuela uma “ameaça incomum e extraordinária” para a segurança dos Estados Unidos.

O último embate com Washington foi neste fim de semana, quando a Casa Branca ignorou a eleição para renovar o Parlamento, único poder nas mãos da oposição e liderado por Guaidó.

Os principais partidos políticos da oposição se uniram em abstenção, que chegou a 70%. O chavismo então venceu e passará a controlar a câmera.

No encontro com a imprensa estrangeira, Maduro denunciou um plano de assassinato contra ele, justificando uma mudança repentina do centro de votação para a principal instalação militar de Caracas.

“De fontes altamente confiáveis da inteligência colombiana, recebemos informações de que estavam preparando um ataque para me assassinar no dia das eleições”, disse o presidente venezuelano, que denuncia constantemente supostos planos de assassinato pelos quais Trump costuma ser responsabilizado além de seu homólogo colombiano, Iván Duque.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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