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Na Índia, pequeno respirador ao resgate dos hospitais

Trabalhador arranja camas em centro de quarentena em um estádio coberto em Guwahati, Índia, em 29 de março afp_tickers

Originalmente projetado por um cientista de robótica e um neurocirurgião para ajudar os pobres da Índia, um respirador barato do tamanho de uma torradeira pode ser uma peça essencial na luta contra a pandemia de coronavírus.

Na sua forma mais agressiva, o vírus ataca os pulmões, tornando os respiradores uma máquina vital em hospitais de todo o mundo, invadidos por pacientes com Covid-19.

Com um saldo de infecções que cresce dia a dia e apesar de um confinamento nacional de três semanas decretado em 24 de março, a produção de respiradores portáteis da empresa Agva aumentou de 500 para 20.000 unidades por mês.

“Não havia como prever algo assim”, diz o neurocirurgião Deepak Agrawal, que criou a máquina com o cientista robótico Diwakar Vaish.

Vendido por cerca de US$ 2.000, o aparelho custa um quinto ou menos do que os respiradores convencionais.

Como a maioria dos países afetados pela pandemia, a Índia tem uma necessidade crítica de leitos e respiradores hospitalares para sua população de 1,3 bilhão em face de uma epidemia que já deixou 50 mortos e 1.965 casos confirmados.

Em 2016, olhando para as filas de espera de pacientes por equipamentos médicos vitais em um grande hospital público em Delhi, o neurocirurgião e o engenheiro se convenceram de que o país precisava de um respirador acessível e de fácil mobilidade.

“A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é muito cara. No setor privado, mesmo os mais ricos não têm meios de ficar lá por muito tempo”, explica Diwakar Vaish.

– Respirador em casa –

Para manter um preço baixo, a dupla evitou usar peças importadas na fabricação. Sua máquina pesa 3,5 kg, consome pouca eletricidade e pode permitir que pacientes menos críticos sejam instalados em suas casas, liberando assim leitos hospitalares.

“Se você deseja converter um hotel em uma UTI, pode instalar o dispositivo e começar a trabalhar porque ele não precisa de mais infraestrutura”, diz o cientista de robótica.

O secretário geral da Associação Médica Indiana, R.V. Asokan, acredita que essa inovação é uma maneira de ajudar os pacientes com Covid-19, mas que não está adaptada a casos mais complicados, como transplantes ou cirurgias complexas.

“É um modelo muito sucinto que servirá no cenário atual como uma simples máquina de oxigenação”, diz ele.

Maruti Suzuki, a maior montadora de automóveis da Índia, prometeu ajudar a Agva a aumentar sua produção depois que o governo pediu à indústria automobilística que se envolvesse na luta contra o coronavírus.

O sistema de saúde da Índia não está suficientemente equipado e possui apenas 40.000 respiradores. Corre o risco de sofrer uma escassez catastrófica se a epidemia de coronavírus atingir as mesmas proporções que na Europa.

Sunita Sharma, cujo filho permaneceu no hospital por cinco anos devido a um problema neurológico, recebeu um respirador Agva gratuitamente.

“Fiquei chateada quando os médicos me disseram que meu filho deveria passar o resto da vida em uma cama com um respirador”, explica à AFP. “Meu marido e eu fizemos todo o possível para estar ao lado dele no hospital e isso afetou nossas vidas”.

Agora, com esse respirador instalado em casa, “pelo menos posso ficar para cuidar dele e do resto da casa”.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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