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Novo primeiro-ministro do Peru promete reativar economia e enfrentar pandemia

O novo primeiro-ministro do Peru, o conservador Antero Flores-Aráoz, prometeu nesta quarta-feira (11) reativar a economia e "dar tranquilidade" aos cidadãos diante da pandemia do coronavírus, um dia após a posso do presidente Manuel Merino afp_tickers

O novo primeiro-ministro do Peru, o conservador Antero Flores-Aráoz, prometeu nesta quarta-feira (11) reativar a economia e “dar tranquilidade” aos cidadãos diante da pandemia do coronavírus, um dia após a posso do presidente Manuel Merino.

“Aceitamos o desafio de assumir a Presidência do Conselho de Ministros. Apelo à unidade nacional. Vamos cumprir o calendário eleitoral, reativar a economia e dar tranquilidade aos cidadãos face à pandemia”, anunciou Flores-Aráoz em sua conta do Twitter.

Merino, que assumiu o cargo na terça-feira após o Congresso destituir Martín Vizcarra da Presidência por “incapacidade moral”, prestou juramento como presidente em cerimônia realizada no palácio do governo, transmitida pela televisão estatal.

O gabinete ministerial que ele chefia será nomeado nas próximas horas e será empossado na quinta-feira.

Todos os olhares estão voltados para a escolha dos nomes que comandarão os ministérios da Economia e Saúde, dois cargos que, em decorrência da devastadora pandemia, têm hoje, mais do que nunca, um papel fundamental na gestão governamental.

A economia peruana entrou em recessão devido ao confinamento que paralisou a produção, e projeta-se que fechará 2020 com queda de 12,5%.

A quarentena deixou mais de 2,5 milhões de desempregados devido à falência de empresas.

O primeiro-ministro Flores-Aráoz indicou que o momento atual exige a prática da ‘realpolitik’ e a busca de um equilíbrio entre as pressões populistas do Congresso e a realidade do país.

A pandemia matou 35.000 peruanos e infectou mais de 925.000, expondo a precariedade do sistema público de saúde do país.

– Populismo e protestos –

A demora na nomeação da equipe do governo, principalmente do ministro da Economia, aumenta a incerteza nos mercados, que aguardam um sinal de confiança das novas autoridades peruanas.

“A ampla continuidade da política econômica caracterizou as administrações anteriores. A escolha do ministro da Economia será fundamental para isso”, destacou a consultoria Eurasia em relatório enviado à AFP.

“Há o risco de medidas mais populistas após o último episódio de turbulência política, já que Merino e o Congresso buscarão obter mais apoio popular”, acrescentou a Eurasia.

Para o analista político Fernando Rospigliosi, a nomeação de Flores-Aráoz “dará governabilidade e confiança a todos aqueles que temiam que se tratasse de um governo parlamentar. Sua nomeação exclui a imposição do populismo das bancadas”.

“Sua carreira como político o posiciona mais ao extremo conservador”, disse o deputado Francisco Sagasti, do partido centrista Morado, que votou contra a destituição de Vizcarra.

Enquanto isso, as ruas de Lima viviam um dia de relativa calma nesta quarta-feira, após os protestos de terça que resultaram na prisão de cerca de trinta manifestantes. Vários jornalistas foram agredidos pela polícia durante as manifestações.

A atenção está voltada para uma marcha de protesto convocada para esta quinta-feira em Lima, por meio das redes sociais, por diversos grupos juvenis.

– Preocupação da OEA –

A Organização dos Estados Americanos (OEA) instou o Tribunal Constitucional do Peru a se pronunciar sobre a legalidade da destituição do presidente Vizcarra em um comunicado emitido em Washington.

“A Secretaria-Geral da OEA reitera que cabe ao Tribunal Constitucional do Peru se pronunciar sobre a legalidade e legitimidade das decisões institucionais adotadas” pelo Congresso.

A organização também expressou “sua profunda preocupação” com a nova crise política cinco meses antes das eleições e pediu que seja respeitada a data de 11 de abril de 2021 para novas eleições.

– Antero, o conservador linha-dura –

A nomeação de Antero Flores-Aráoz, advogado de 78 anos, marca o retorno ao primeiro plano desse político social-cristão e identificado com a ala dura do conservadorismo peruano.

Flores-Aráoz foi membro de um gabinete que renunciou após a morte de 34 indígenas e policiais durante a repressão a um protesto, em julho de 2009.

Em 2016, foi candidato à Presidência por seu partido Ordem, mas ficou em último lugar entre 10 candidatos com apenas 0,43% dos votos.

Entre 2007 e 2009 colaborou com o governo de Alan García (2006-2011), como Embaixador do Peru junto à OEA e posteriormente como Ministro da Defesa. Entre 1990 e 2006 foi deputado e presidiu ao Congresso em 2004.

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