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Obama autoriza ataques aéreos para impedir ‘genocídio’ no Iraque

O presidente americano, Barack Obama, fala sobre a situação do Iraque, na Casa Branca, em Washington, em 7 de agosto de 2014. afp_tickers

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, informou na noite desta quarta-feira que autorizou ataques aéreos das forças americanas contra militantes extremistas sunitas no norte do Iraque para evitar o massacre de civis.

“Nós podemos agir, com cuidado e responsabilidade, para evitar um potencial ato de genocídio”, disse Obama, em referência às minorias religiosas sitiadas no norte do Iraque pelo avanço das forças do Estado Islâmico.

“Eu, então, autorizei ataques aéreos seletivos para auxiliar as forças do Iraque a romper o cerco e proteger os civis encurralados”.

Obama acrescentou que aviões americanos já estão lançando alimentos e água para os iraquianos que fogem do avanço do Estado Islâmico.

“Quando enfrentamos uma situação como nesta montanha, com pessoas inocentes encarando a expectativa de uma violência em escala terrível; quando temos a ordem de ajudar – e neste caso há um pedido do governo iraquiano – e quando temos a capacidade de ajudar para evitar um massacre, então acredito que os Estados Unidos não podem fazer vista grossa”.

Milhares de civis, boa parte da minoria yazidi, estão presos nas montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas na região de Mossul.

Obama reafirmou que não enviará tropas americanas para o Iraque, dois anos e meio depois da retirada dos soldados dos EUA do país.

“Como comandante em chefe não permitirei que os Estados Unidos se vejam envolvidos em outra guerra no Iraque”.

“Mesmo quando apoiamos os iraquianos que lutam contra estes terroristas, as tropas de combate americanas não voltarão a lutar no Iraque, porque não há solução militar para a crise maior” que afeta este país”, concluiu Obama.

Segundo um funcionário americano, que pediu para não ser identificado, “nenhum ataque aéreo de aviões dos EUA foi realizado até o momento contra o Exército Islâmico no norte do Iraque, mas estamos preparados para atingir alvos específicos se a situação justificar”.

Mas um porta-voz das forças curdas “peshmergas” informou que aviões americanos bombardearam nesta quinta-feira posições “jihadistas” do Estado Islâmico no norte do Iraque.

“Os F-16 entraram no espaço aéreo iraquiano em missão de reconhecimento e depois atacaram as forças do Estado Islâmico em Gwer, na região de Sinjar”, disse à AFP o porta-voz Holgard Hekmat.

Gwer está situada 30 km a sudeste do principal posto de controle que leva à região autônoma do Curdistão.

Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada no domingo, obrigando cerca de 200 mil pessoas a fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e de Rabia, um posto fronteiriço entre Síria e Iraque.

As forças do Estado Islâmico (EI) invadiram nesta quinta-feira Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, o que também provocou a fuga de milhares de pessoas

De acordo com o patriarca caldeu Louis Sako, 100 mil cristãos foram obrigados a abandonar suas casas “com nada além de suas roupas”, após a tomada de Qaraqosh e de outras cidades na região de Mossul (norte) pelos combatentes do EI.

Entre as localidades ocupadas estão Tal Kayf, Bartela e Karamlesh, que foram “esvaziadas de seus habitantes”, denunciou o bispo Joseph Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e de Sulaymaniyah.

ONU pede apoio internacional na luta contra Estado Islâmico

O Conselho de Segurança das Nações pediu nesta quinta-feira à comunidade internacional que “apoie o governo iraquiano” na luta contra o avanço dos “jihadistas” do Estado Islâmico.

Em uma declaração unânime, os 15 membros do Conselho convidaram a “comunidade internacional a apoiar o governo e o povo do Iraque a fazer todo o possível para aliviar o sofrimento da população”.

Os integrantes do Conselho se declararam “escandalizados” pelos milhares de yazidis e cristãos expulsos de suas casas pelas forças do Estado islâmico e advertiram que os refugiados precisam de “ajuda humanitária urgente”.

O Conselho advertiu que a perseguição de minorias “pode constituir crime contra a humanidade” e exortou “todas as partes a facilitar a entrega de ajuda humanitária” aos refugiados.

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