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Obama descreve conversa com Raúl Castro como ‘franca e frutífera’

O presidente americano, Barack Obama, fala à imprensa após se reunir com o presidente cubano, Raúl Castro, à margem da Cúpula das Américas, no Panamá afp_tickers

O presidente americano, Barack Obama, descreveu sua conversa histórica com o colega cubano, Raúl Castro, neste sábado, no Panamá, como “franca e frutífera”.

“Foi uma conversa franca e frutífera entre mim e Raúl Castro”, disse Obama a jornalistas depois do encontro com o líder comunista às margens da Cúpula das Américas.

Ainda segundo Obama, Raúl Castro foi “muito direto” ao expressar as diferenças persistentes entre os dois países sobre o tema dos direitos humanos.

“Conseguimos falar honestamente sobre nossas diferenças e nossas preocupações, de forma que penso que temos a possibilidade de avançar na relação entre os nossos dois países em uma direção melhor e diferente”, afirmou Obama.

“Temos visões muito diferentes de como se deve organizar uma sociedade e fui muito direto com ele de que continuarei falando de temas como democracia, direitos humanos, liberdade de reunião e liberdade de imprensa”, completou.

Segundo um alto funcionário americano, que pediu para ter sua identidade preservada, os dois presidentes se reuniram durante “cerca de uma hora” e “não houve tensão” durante a conversa, na qual ambos expressaram a disposição de avançar rumo à normalização das relações entre seus países.

Obama e Castro direcionaram suas respectivas equipes de negociação para resolver questões pendentes o mais rapidamente possível a fim de abrir embaixadas, que foram fechadas depois que os laços diplomáticos entre os dois países se romperam, há mais de 50 anos, acrescentou o funcionário.

Quanto a outro assunto delicado, Obama disse a Raúl Castro que vai decidir nos “próximos dias” se recomendará retirar Cuba de uma lista do Departamento de Estado americano de países patrocinadores do terrorismo.

Embora Cuba tenha transformado esta retirada em uma peça chave das negociações, o funcionário disse que não foi parte significativa das discussões.

Os dois presidentes conversaram sobre questões “práticas” que impedem a abertura das embaixadas e Obama reforçou a importância de permitir a livre circulação de diplomatas americanos em Cuba.

“Fizemos avanços significativos”, resumiu o funcionário. “Nossa expectativa é que isto se conclua relativamente rápido”, prosseguiu.‎

Raúl Castro mencionou, ainda, o desejo de ver o embargo americano à ilha suspenso. Obama tem pedido ao Congresso americano que o levante.

Segundo o funcionário, “grande parte do encontro foi dedicado a quão significativo este momento é” para cubanos, americanos e o hemisfério.

Em declarações à imprensa no Panamá, o presidente Obama defendeu sua aproximação diplomática com Havana, afirmando que uma “maioria expressiva” em Cuba e nos Estados Unidos apoiam a manobra.

“Eu penso que existe uma maioria expressiva, tanto nos Estados Unidos quanto em Cuba, que diz que nossa habilidade em nos comprometermos, a nos abrir ao comércio, às viagens e ao intercâmbio entre os povos acabará sendo bom para o povo cubano”, disse Obama após o encontro com Raúl Castro.

Após o encontro histórico com Castro e uma conversa com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em que expressou seu apoio a um diálogo pacífico entre o governo de Caracas e a oposição, o presidente Obama voltou para Washington.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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