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Ofensiva jihadista no Iraque pode fazer premiê Maliki deixar cargo

Às divergências entre xiitas se soma a negativa dos curdos e sunitas de propiciar um terceiro mandato de Maliki, mesmo com sua coalizão obtendo o primeiro lugar nas eleições de 30 de abril. afp_tickers

A ofensiva jihadista no Iraque e as acusações de sectarismo tendo como vítimas curdos e sunitas podem obrigar o primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, criticado inclusive pelos setores xiitas, a abandonar este cargo que ocupa desde 2006.

Em sua própria coalizão, a Aliança para o Estado, fala-se de sua possível substituição, afirmou um diplomata ocidental que pediu o anonimato, na véspera da reunião do Parlamento que deverá lançar o processo de formação de um novo governo.

“Claramente, há negociações”, considerou, acrescentando que “é um período político importante”.

“Depois das eleições, ainda tinha muitas chances, mas fica claro que a degradação da situação no plano da segurança o prejudicou”, considerou Hakim al-Zamili, um parlamentar partidário do influente chefe xiita Moqtada al-Sadr.

Agora, Maliki “tem poucas chances, como consequência dos problemas de segurança e dos problemas com os sunitas, os sadristas e os curdos”, acrescentou.

Às divergências entre xiitas se soma a negativa dos curdos e sunitas de propiciar um terceiro mandato de Maliki, mesmo com sua coalizão obtendo o primeiro lugar nas eleições de 30 de abril.

À medida que os insurgentes sunitas foram avançando em terra, Maliki foi perdendo apoio.

Desde 9 de junho, os rebeldes conquistaram várias regiões do país, no norte, oeste e leste de Bagdá.

Esta ofensiva militar dos insurgentes intensificou as críticas já existentes contra a política de Maliki, tanto no Iraque quanto no exterior. Assim, acredita-se que esta política tenha motivado o apoio de habitantes sunitas aos insurgentes em algumas das regiões conquistadas por estes últimos.

Os Estados Unidos, entre outras potências ocidentais, convocaram Maliki a formar um governo que represente todas as comunidades e confissões do Iraque.

O ressurgimento de uma Aliança xiita, que reúna vários grupos, incluindo o de Maliki, pode reduzir ainda mais as chances de o primeiro-ministro em fim de mandato permanecer neste cargo.

Entre os candidatos possíveis para este posto encontram-se o ex-vice-presidente Adel Abdel Mehdi, o ex-primeiro-ministro Ibrahim al-Jafaari ou o vice-primeiro-ministro Ahmed Shalabi.

Já os deputados sunitas, que perderam assentos nas últimas eleições, disseram não ter nenhum impacto nas negociações que ocorrem na Aliança xiita.

“Temos que nos conformar” com o que for decidido na Aliança, explicou Qasem Fahdawi, eleito deputado no dia 30 de abril. “Não temos nenhuma influência neste tema. Embora tenhamos uma opinião sobre essa ou aquela pessoa, essa opinião não conta”, acrescentou.

Segundo uma regra não escrita, a presidência iraquiana é ocupada por um curdo e a presidência do Parlamento por um sunita.

Apesar das críticas, Maliki conserva alguns partidários, que consideram perigoso trocar de primeiro-ministro na situação atual.

“Se não estivéssemos em guerra, poderia ser (…), mas agora não é o momento de realizar esta mudança”, declarou o ex-deputado Sami al-Askari.

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