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Oposição troca acusações na Venezuela por negociações com governo Maduro

A assessoria de imprensa de Juan Guaidó indicou que desconhecia as negociações "não consultadas" entre o governo de Nicolás Maduro e os opositores Henrique Capriles e Stalin González afp_tickers

Opositores da Venezuela protagonizaram, na terça-feira (1o), uma troca de acusações sobre supostas negociações entre alguns opositores e delegados do governo de Nicolás Maduro, um dia após o presidente conceder indulto a cerca de 100 membros da oposição.

“Informamos (…) nosso absoluto desconhecimento sobre as negociações não consultadas realizadas a título pessoal entre o governo de Nicolás Maduro e os líderes Henrique Capriles e Stalin González”, diz um comunicado divulgado pela assessoria de imprensa do chefe parlamentar, Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países.

Capriles, duas vezes candidato presidencial, e o deputado González defendem a participação nas eleições de 6 de dezembro para renovar o Parlamento, único poder nas mãos da oposição.

Isso ocorre em meio ao boicote de 30 partidos opositores que rejeitam participar da disputa nas urnas por considerá-las uma “fraude”, marcada pela escolha de autoridades do Conselho Nacional Eleitoral por parte do Supremo Tribunal de Justiça, e não pelo Poder Legislativo, conforme estabelecido na Constituição venezuelana.

Segundo o comunicado da assessoria de Guaidó, as conversas “ocorreram sem o conhecimento, ou a autorização do Governo interino, da Assembleia Nacional, dos nossos aliados internacionais, ou do acordo unitário alcançado e anunciado por 27 organizações políticas”.

O texto não fornece mais detalhes sobre as supostas negociações.

Antes da publicação do comunicado, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, escreveu no Twitter: “Acompanhamos com satisfação (a) evolução do diálogo positivo entre o governo e a oposição na Venezuela, devido também aos nossos esforços em coordenação com a UE (União Europeia). Desejamos que este processo positivo seja refletido nas eleições. Sempre seremos solidários ao povo venezuelano”.

A Turquia é um dos principais aliados internacionais de Maduro, junto com Rússia, China, Irã e Cuba.

Um dos fundadores do Partido Primeiro Justiça, Capriles reagiu às informações, afirmando que está disposto a conversar com quem puder aproximá-lo de uma “solução crível” para a crise política. Ele não se referiu a qualquer encontro com representantes de Maduro.

“Hoje, por meio dos meus ‘esforços pessoais’, nos sentimos satisfeitos com a liberdade de 110 presos políticos”, acrescentou Capriles no Twitter, após o comunicado da equipe de Guaidó, referindo-se aos indultos anunciados ontem por Maduro.

Na terça-feira (1), o presidente socialista disse que, com os indultos, que incluíram deputados exilados que tiveram sua imunidade retirada e colaboradores de Guaidó, busca uma “ampla participação” e “confiança” nas eleições parlamentares.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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