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Parlamento Europeu inicia nova legislatura com avanço dos antieuropeus

Vista do Parlamento Europeu, em Estrasburgo afp_tickers

O Parlamento Europeu iniciou nesta terça-feira um novo quinquênio legislativo com um forte avanço dos partidos antieuropeus e de extrema direita, como o britânico UKIP e a Frente Nacional francesa, nas eleições de 25 de maio.

Os eurodeputados elegeram sem surpresa o social-democrata alemão Martin Schulz como presidente do Parlamento Europeu por 409 votos, em um total de 612. Durante a sessão, dezenas de deputados antieuropeus protestaram e viraram as costas durante a interpretação do Hino à Alegria, de Beethoven, pela Filarmônica de Estrasburgo, adotado como hino da UE há vários anos.

Schulz, que foi presidente da Eurocâmara durante a legislatura anterior por dois anos e meio, volta a ocupar o cargo por mais dois anos, em parte, graças a um acordo entre socialistas e conservadores do Partido Popular Europeu.

Assim como na legislatura anterior, os dois blocos concordaram em dividir a presidência do Parlamento por períodos iguais no mandato de cinco anos.

A aliança heterogênea entre os conservadores, socialistas e liberais, pretende representar uma força capaz de bloquear os antieuropeus, os extremistas de direita e antissistema, que totalizam cem assentos.

O principal entre eles é o grupo formado pelo antieuropeu britânico Nigel Farage, líder do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP), que faz campanha para a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) e que venceu as eleições europeias e municipais britânicas de maio.

Farage, aliado dos 17 eurodeputados italianos do Movimento Cinco Estrelas, conseguiu formar o grupo EDFF, que soma 48 assentos.

Restam 52 deputados não inscritos, quase a metade deles da Frente Nacional (FN) francesa, de Marine Le Pen, que não conseguiu formar um grupo, perdendo visibilidade e financiamento.

Como uma advertência aos partidos antieuropeus e de extrema-direita, o novo presidente Martin Schulz disse que não aceitará aqueles que não respeitam as regas da dignidade humana, apesar de reconhecer durante uma coletiva de imprensa que o Parlamento “inicia suas sessões com outro equilíbrio de forças”.

Este avanço das formações eurocéticas é um reflexo da crescente preocupação nos países-membros da União Europeia com as políticas de austeridade que se seguiram à crise econômica e da dívida.

As formações pró-europeias, socialistas, conservadores, liberais e ambientalistas, perderam muitos assentos na nova Câmara após as eleições de maio.

Um balão de ensaio

A eleição do presidente do Parlamento Europeu representa um balão experimental do equilíbrio de forças, a duas semanas da votação para a presidência da Comissão Europeia, em 16 de julho, para quando 26 dos 28 países da UE concordaram em endossar a candidatura do conservador Jean-Claude Juncker (Grã-Bretanha e Hungria se opuseram à sua nomeação).

“A maioria que recebi hoje mostra que existe uma maioria estável no Parlamento para eleger Juncker como presidente da Comissão”, disse Schulz.

Junto com os partidos políticos europeus, o Parlamento conseguiu impor um processo após o qual o candidato da formação com mais votos nas eleições seja nomeado para liderar o executivo da UE.

Esse sistema foi aceito com relutância por muitos chefes de Estado e de Governo dos países-membros. Os críticos consideram que não devem ceder ao Parlamento Europeu a prerrogativa de nomear o presidente da Comissão, o mais alto cargo nas instituições europeias, que até agora era decidido por consenso entre os 28.

Mas, para além dessa posição de princípio, Londres considera Juncker muito federalista e que não é a pessoa certa par ao cargo. O primeiro-ministro David Cameron, assim como outros antigos líderes do governo britânico, faz campanha para o retorno de alguns poderes aos governos nacionais.

Cameron também está sob pressão. O UKIP venceu as eleições locais em maio e dentro de um ano a Grã-Bretanha terá eleições legislativas. David Cameron prometeu que, se ganhar, vai organizar um referendo em 2017 sobre a permanência da Grã-Bretanha na UE.

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