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Paz na Colômbia depende de acesso à terra, diz Nobel de Economia

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, durante coletiva de imprensa no Fórum Econômico Mundial, em Davos, no dia 18 de janeiro de 2017 afp_tickers

O Nobel de Economia americano Joseph Stiglitz assegurou nesta quinta-feira que para manter a paz na Colômbia é preciso garantir a distribuição da terra, durante uma conversa em Bogotá com o presidente Juan Manuel Santos.

“A manutenção da paz exigirá que se garanta a terra e o emprego para os afetados” pelo conflito armado de mais de meio século, disse Stiglitz no fórum “O futuro da Colômbia: Justiça Social e Economia”, do qual participou ao lado de Santos, ganhador do Nobel da paz em 2016 por selar um acordo de paz com as Farc.

Stiglitz enfatizou que se deve trabalhar para reduzir a desigualdade social, uma das causas do aparecimento de grupos rebeldes como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas) e o Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista), que instalou há uma semana uma mesa de diálogo com o governo de Santos em Quito.

Também acrescentou que é “essencial ter boas instituições que tratem o tema da terra e sua distribuição, além de dar terras (…) aos camponeses”.

O problema da posse da terra é chave nas origens do conflito armado colombiano e no âmbito do acordo selado com as Farc em novembro passado há um ponto que propõe reformas no campo.

“É necessário um forte investimento no setor rural, que promova o desenvolvimento do campo”, acrescentou Stiglitz, para quem o acordo de paz traz “oportunidades e desafios impressionantes” que só serão bem aproveitados se servirem para ajudar a superar a iniquidade e a pobreza no país.

Neste sentido, segundo o prêmio Nobel de economia, é necessário para a paz garantir trabalho àqueles que estiveram envolvidos em um conflito que envolveu guerrilhas, paramilitares e agentes estatais que deixou pelo menos 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

Santos, por sua vez, anunciou que os membros das Farc estariam terminando de entrar em “três ou quatro dias” nas zonas de concentração, onde deixarão, progressivamente, as armas sob vigilância da ONU e se prepararão para se reintegrar à vida civil.

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