Pence visita o Brasil para falar de migração, espaço e Venezuela
O tema delicado da migração, a situação dos refugiados venezuelanos, o uso pelos Estados Unidos da base de Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites: estes são alguns dos assuntos que o vice-presidente americano, Mike Pence, vai abordar nesta terça-feira (26) com o presidente Michel Temer.
Em sua terceira visita à América do Sul – a primeira à maior economia da região – Pence chegou a Brasília acompanhado da esposa, Karen, às 07H45 locais para uma visita de dois dias antes de seguir viagem para Quito.
Após se reunir com Temer por volta do meio-dia, Pence seguiu para almoço das delegações dos dois países no Palácio do Itamaraty. Na agenda, ainda estão previstas uma coletiva de imprensa e um comunicado conjunto.
Espera-se que Pence e Temer abordem a situação das cerca de 50 crianças brasileiras, separadas dos pais na fronteira entre os Estados Unidos e o México, onde mais de 2.000 menores – a maioria centro-americanos – foram separados recentemente de suas famílias migrantes.
É um dos temas delicados da agenda e um assunto importante no diálogo permanente com os Estados Unidos, disse à imprensa o vice-secretário de Assuntos Políticos Multilaterais, Europa e América do Norte do ministério brasileiro das Relações Exteriores, Fernando Simas Magalhães.
O governo brasileiro expressou na semana passada sua “preocupação” com o aumento de casos de menores brasileiros separados dos pais.
Enquanto isso, um funcionário da delegação de Pence disse que o vice-presidente tem a intenção de abordar a crise migratória global, incluindo a que a afeta os Estados Unidos.
– Base de lançamento –
Pence e Temer abordarão, ainda, o avanço das negociações sobre o uso pelos Estados Unidos da base de Alcântara para o lançamento de satélites.
Alcântara tem uma localização ideal para os lançamentos, pois fica muito próxima da linha do Equador, o que permite economizar até 30% de combustível ou transportar mais carga.
Estas negociações estão em “uma fase inicial, muito preliminar” e se discutem “as salvaguardas” legais e tecnológicas para proteger a propriedade intelectual dos Estados Unidos e a soberania nacional, disse Simas Magalhães.
O diplomata admitiu que “há um interesse” no Brasil e da Força Aérea em alcançar um acordo. “Temos aí um filão de mercado extraordinário”, destacou.
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Brasil e Estados Unidos chegaram a um acordo para usar a base, mas o mesmo foi logo bloqueado pelo Congresso, que considerou que entrava em conflito com a legislação brasileira.
Outro tema que poderia ser abordado e gerou diferenças entre Brasil e Estados Unidos, é a imposição por parte de Washington de tarifas alfandegárias e cotas às importações de alumínio e aço.
Desde 1º de junho, as exportações brasileiras aos Estados Unidos de alumínio são taxadas com uma tarifa de 10% e as de aço são sujeitas a cotas, o que o Brasil considerou injustificado e para o que pede soluções.
– Venezuela –
A situação da Venezuela também será abordada por Temer e Pence, que na quarta-feira vai visitar a Casa de Acolhida Santa Catarina, que recebe refugiados venezuelanos em Manaus.
“O que buscamos com os Estados Unidos e outros parceiros internacionais” é “um caminho que permita uma saída democrática” na Venezuela, disse Simas Magalhães, que destacou que Washington fez contribuições para atender o “fluxo migratório de venezuelanos na nossa fronteira norte, inclusive contribuições financeiras”.
Segundo a agência Bloomberg, Pence anunciará em Manaus um aumento da ajuda humanitária aos venezuelanos através da agência da ONU para os Refugiados.
Mais de 32.000 venezuelanos pediram refúgio no Brasil e outros milhares, residência temporária no âmbito da crise social, econômica e política em que o país caribenho está mergulhado.
Em Manaus, Pence também fará um sobrevoo à Zona Franca e às belezas naturais do Amazonas antes de seguir viagem para Quito.