Próximos cinco anos serão cruciais para evitar rebote da epidemia de aids
Os próximos cinco anos serão cruciais para evitar um rebote da epidemia de aids favorecido por altas taxas de infecção e um rápido crescimento da população mundial – alertaram especialistas nesta quinta-feira.
“O cinco anos que estão por vir oferecerão uma oportunidade frágil para acelerar a resposta à epidemia de aids e colocar um termo de hoje até 2030”, segundo Michel Sidibé, diretor-geral da UNAIDS.
“Se não fizermos isso, as consequências humanas e financeiras serão catastróficas”, ressaltou.
Um relatório, feito pela UNAIDS e pela revista médica The Lancet, com o apoio de grandes figuras da luta contra a aids, pede que a doença seja tratada com alta prioridade nos objetivos de desenvolvimento da ONU após 2015.
O documento aponta boas notícias, a começar pelo advento em 1996 dos medicamentos antirretrovirais que, sem curar a doença, salvaram vidas ao permitirem controlar a infecção.
“De 2001 a 2013, a incidência anual de infecções por HIV diminuiu 38%, de 3,4 milhões em 2001 para 2,1 milhões em 2013”. Em crianças entre 2002 e 2013, ela “caiu 58%, com 240 mil novas infecções em 2013, contra 580.000 em 2002”, observou o relatório.
Na África do Sul, um dos países mais afetados, a expectativa média de vida aumentou em 2005 pela primeira vez desde 1997.
Mas muitas preocupações permanecem.
Em 2013, 1,5 milhões de pessoas morreram de causas relacionadas com a aids, mais de 10 milhões ainda não tinham começado a terapia antirretroviral e, das 35 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV, 19 milhões não sabem que foram infectadas.
Com o crescimento da população mundial, o número de jovens que se tornam sexualmente ativos aumenta e isso coloca em risco a meta de eliminar a aids enquanto ameaça para a saúde pública em 2030.
“Estender o acesso sustentável ao tratamento é essencial”, afirmou Peter Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e predecessor Sidibé à frente da UNAIDS.
“Precisamos também revitalizar os esforços de prevenção, especialmente entre as populações mais vulneráveis, eliminando a discriminação legal e social”, acrescentou.
O relatório também insiste sobre o financiamento.
“Será preciso 36 bilhões de dólares a cada ano para atingir a meta das Nações Unidas até 2030”, apontou o relatório, enquanto o esforço atual é de cerca de 19 bilhões de dólares (cerca de 60 bilhões de reais) por ano.
Nos países pobres da África, duramente atingidos, a luta contra a aids exigirá até 2,1% do produto interno bruto (PIB) por ano e pelo menos um terço das despesas de saúde do governo e um “apoio internacional” será “necessário por muitos anos pela frente”.