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Premier do Iraque acha necessária solução política para a crise

Maliki (d) recebe Hague em Bagdá afp_tickers

O primeiro-ministro iraquian,o Nuri al-Malik,i afirmou pela primeira vez nesta quinta-feira que uma solução política, paralela à ação militar, é necessária para pôr fim à crise que o país atravessa desde o início da ofensiva dos jihadistas sunitas.

Maliki, que fez estas declarações durante um encontro com o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, parece que finalmente está cedendo aos pedidos da comunidade internacional para a formação de um governo de unidade nacional para tirar o país da crise.

A visita de Hague à Bagdá acontece após a de seu colega americano John Kerry. Os Estados Unidos e seus aliados trabalham há dias para convencer os líderes iraquianos da necessidade de se unirem para combater a ofensiva lançada em 9 de junho pelos insurgentes sunitas liderados pelos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL).

“Devemos avançar por duas vias paralelas […] a primeira é o trabalho em terreno e as operações militares […] e a segunda é a continuação do processo político e a reunião do parlamento para escolher um chefe do parlamento, um presidente e formar um governo”, declarou Maliki

O Parlamento eleito foi convocado a se reunir dia 1º de julho, segundo um comunicado oficial da presidência da República.

Até o momento, Maliki dizia que resolveria militarmente a crise, nascida da ofensiva dos jihadistas que tomaram em poucos dias grandes áreas ao norte, a oeste e a leste de Bagdá.

Kerry sexta-feira na Arábia Saudita

No poder desde 2006, Maliki, um xiita, é criticado por sua política religiosa que marginaliza a minoria sunita, o que alimentou o conflito atual, e seus adversários, incluindo xiitas, o acusam de querer monopolizar o poder.

Seu bloco político venceu as eleições legislativas de abril, mas sem uma maioria, e desde então não conseguiu formar uma coalizão dada as profundas divergências com as demais forças políticas.

As declarações de Maliki se opõem às advertências lançadas na quarta-feira a seus rivais políticos, contra toda tentativa de afastá-lo do poder, e sua denúncia de “um golpe de Estado contra a Constituição e o processo político”.

Em sua chegada à Bagdá, Hague afirmou, segundo um comunicado do Foreign Office, que “o Estado iraquiano enfrenta uma ameaça a sua existência” e que “o fator que determinará se o Iraque superará ou não este desafio é a unidade política”.

Dando prosseguimento a sua missão sobre o Iraque, Kerry visitará na sexta-feira a Arábia Saudita, país que acusa Maliki de conduzir o país á beira do abismo com sua política de exclusão dos sunitas.

“A formação de um governo é o nosso principal desafio”, declarou durante sua visita ao Iraque no início da semana.

Barzani em Kirkuk

Desde 9 de junho os insurgentes controlam Mossul, segunda maior cidade do Iraque, grande parte da província onde fica localizada, além de Nínive (norte), Tikrit e zonas das províncias de Saladino (norte), Diyala (leste), Kirkuk (norte) e Al-Anbar (oeste), na fronteira com a Síria, onde têm quatro cidades em seu poder.

Nesta quinta-feira, o Exército iraquiano lançou uma operação em Tikrit e recuperou o controle sobre a universidade desta cidade do norte do Iraque

Dezenas de membros das forças de segurança chegaram em helicópteros na cidade onde nasceu Sadam Hussein, o líder iraquiano derrubado após a invasão americana de 2003.

Após as deserções em massa das forças iraquianas nos primeiros dias de ofensiva, os militares, com o apoio de voluntários e tribos pró-regime, ainda têm dificuldades de frear os progressos dos insurgentes.

Diante da retirada do Exército de Kirkuk e do medo de um ataque dos insurgentes, as forças curdas assumiram pela primeira vez o controle desta cidade multiétnica e disputada, que recebeu a visita nesta quinta-feira do presidente da região autônoma do Curdistão, Massud Barzani.

O líder curdo garantiu que suas forças farão tudo para proteger Kirkuk.

Após mobilizar milhares de seus partidários contra os insurgentes, o influente líder xiita Moqtada al-Sadr, aliado do Irã xiita, prometeu “fazer a terra tremer sob os pés da ignorância e do extremismo”.

Segundo o New York Times, o Irã mobilizou secretamente drones de observação no Iraque e um comboio militar por via aérea.

Esta ofensiva jihadistas já deixou quase 1.100 mortos, milhares de deslocados e ameaça mergulhar o país no caos.

Nesta quinta-feira, um atentado suicida em um mercado em um bairro xiita do norte de Bagdá fez ao menos 19 mortos, segundo fontes médicas e da segurança.

A explosão, que também fez 34 feridos, aconteceu no mercado de Bab al Darwaza em Kadimiya, onde há um templo xiita muito visitado.

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