Navigation

Presidente do Peru evita pedido de destituição pelo Congresso

O presidente do Peru, Pedro Castillo (C), um professor rural de 52 anos, é acusado pela oposição de falta de rumo e de permitir uma suposta corrupção em seu entorno afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 28. março 2022 - 12:46
(AFP)

O presidente do Peru, o esquerdista Pedro Castillo, evitou na segunda-feira à noite o pedido de impeachment por parte do Congresso, dominado pela oposição de direita, no final de um julgamento político que deixou o país em suspense.

Após um debate que durou mais de oito horas no Congresso, em que o presidente apresentou sua defesa no início e depois 95 parlamentares discursaram, apenas 55 parlamentares votaram a favor da destituição, 54 contra e 19 optaram pela abstenção. Eram necessários 87 votos para a aprovação do pedido.

“Não foi aprovada a resolução para declarar a vacância da presidência da República”, declarou a presidente do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, após a votação que aconteceu às 23h00 locais (1h00 de Brasília de terça-feira).

O resultado da votação não surpreendeu, porque a imprensa peruana já havia antecipado que os opositores mais radicais não tinham os votos necessários para afastar o chefe de Estado, um professor rural de 52 anos.

"Saúdo que a sensatez, a responsabilidade e a democracia tenham prevalecido. Reconheço os parlamentares que votaram contra a vacância e respeito a decisão daqueles que votaram a favor", afirmou Castillo no Twitter.

"Peço a todos para virar a página e trabalhar juntos pelos grandes desafios do país", acrescentou.

"Não assumimos isso como uma derrota", disse o parlamentar Alejandro Muñante, do partido de direita Renovação Popular, que promoveu a moção para para destituir Castillo.

A oposição acusava Castillo de falta de rumo e de permitir uma suposta corrupção em seu entorno. Também era criticado por suas constantes crises ministeriais, traduzidas em quatro gabinetes desde o início do mandato, algo inédito no Peru.

Castillo compareceu ao Congresso para apresentar suas alegações - embora não fosse obrigado pela lei -, ao lado do advogado José Félix Palomino.

Esta foi a segunda moção de vacância contra Castillo, que assumiu a presidência em julho de 2021 após vencer um segundo turno acirrado contra a candidata de direita Keiko Fujimori. Em dezembro, o Congresso rejeitou uma medida similar.

Em caso de destituição, Castillo teria enfrentado um destino parecido com o de dois antecessores, o centrista Martín Vizcarra, afastado pelo Congresso em novembro de 2020, e o direitista Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou em março de 2018 quando ficou evidente que não conseguiria evitar o segundo julgamento político.

- "Não há prova" -

A sessão começou com um discurso de Castillo, que respondeu a alguns dos questionamentos contra ele. Depois, retirou-se do plenário e seu advogado continuou com as argumentações.

"Não há prova que vincule diretamente o presidente a algum ato de corrupção", disse Palomino no plenário.

Enquanto o advogado falava, a presidente do Congresso suspendeu temporariamente a sessão após o início de uma briga por um letreiro colocado em seu assento pela legisladora fujimorista Vivian Olivos, que dizia "vacância já" e que a bancada governista exigia retirar.

Simultaneamente, nos arredores do edifício legislativo ocorriam manifestações contra e a favor a destituição de Castillo, com a participação de centenas de pessoas.

Contudo, uma destituição está no ar desde a sua eleição em 2021, quando seus rivais denunciaram "fraude" apesar do aval dado à sua vitória por OEA, União Europeia e Estados Unidos.

- Menos votos -

O Congresso decidiu há duas semanas levar Castillo a um julgamento político relâmpago por 76 votos, 41 contra e uma abstenção.

Na segunda-feira, porém, os favoráveis ao impeachment conseguiram apenas 55 votos.

Coincidindo com o julgamento político do presidente, uma pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos divulgada nesta segunda-feira pelo jornal La República revelou que 79% dos peruanos reprovam o desempenho do Congresso, uma desaprovação superior a de Castillo (66%, segundo o último levantamento da Ipsos, três pontos a menos que em fevereiro).

Uma das razões pelas quais esse mecanismo se tornou recorrente é a ausência de uma maioria parlamentar no governo da vez. Isso acontece desde 2016, quando o Peru entrou em uma dinâmica de choque de poderes que o levou a ter até três presidentes em uma semana, em novembro de 2020.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) mostrou preocupação com a situação peruana ao assinalar que "a vacância presidencial por incapacidade moral permanente carece de definição objetiva e que a mesma tampouco foi interpretada pelo Tribunal Constitucional do país, o que pode afetar a separação e a independência dos poderes públicos".

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se solidarizou com Castillo e pediu que a "vontade popular" fosse respeitada, em um comunicado de 14 de março.

Apesar da tensão política, o Peru se encontra em relativa calma e todas as atividades públicas e privadas acontecem com normalidade.

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Boletim de Notícias
Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.