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Rebeldes iemenitas pedem ajuda internacional para deter epidemia de cólera em Sanaa

Mulher iemenita supeita de estar com cólera recebe tratamento em hospital de Sanaa, em 15 de maio de 2017 afp_tickers

Os rebeldes xiitas do Iêmen declararam nesta segunda-feira estado de emergência por uma epidemia de cólera em Sanaa e pediram ajuda à comunidade internacional para enfrentar o problema.

Os casos de cólera registrados recentemente superam a “média habitual” e o sistema de saúde da capital é “incapaz de conter esta catástrofe”, afirmou o departamento de Saúde da administração instaurada pelos rebeldes xiitas huthis que controlam a cidade.

Segundo um novo balanço do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) divulgado nesta segunda-feira, a epidemia causou 184 mortes desde 27 de abril, com 11.000 outros casos suspeitos assinalados no país.

O “ministro” da Saúde dos rebeldes, Hafid ben Salem Mohammed, afirmou que “a amplitude da doença supera a capacidade” dos serviços.

“Estamos enfrentando uma grave crise de cólera”, declarou Dominik Stillhart, diretor de operações do CICV, no domingo em Sanaa, ao fim de uma missão no Iêmen.

A doença se propagou e o balanço tem aumentado rapidamente.

Antes do anúncio do estado de emergência, Amin Mohammed Jamaan, o prefeito de Sanaa nomeado pelos rebeldes, prometeu facilitar o trabalho das organizações internacionais no combate à doença.

“As autoridades de Sanaa fornecerão todas as facilidades, apoio e cooperação às organizações internacionais”, afirmou Jamaan.

A guerra no Iêmen destruiu as infraestruturas de saúde do país mais pobre da península arábica.

O conflito envolve as forças leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiado por uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes huthis, aliados ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh.

O diretor adjunto do hospital Sabin de Sanaa descreveu à AFP uma situação catastrófica em seu estabelecimento, que recebe a cada dia entre 150 e 200 doentes com sintomas de cólera, e muitos são hospitalizados.

“Colocamos quatro pacientes por leito e instalamos camas em barracas de campanha e debaixo das árvores do jardim”, afirmou a fonte.

“Mas a chuva e o frio complicam as coisas”, disse, antes de citar a falta de medicamentos e de funcionários.

Os opositores dos huthis, no entanto, acusam os rebeldes de dramatizar a situação para obter a suspensão do embargo sobre o aeroporto de Sanaa e evitar um ataque contra o porto de Hodeida, a principal porta de entrada para as importações iemenitas.

A coalizão árabe que luta contra os rebeldes xiitas, sob o comando da Arábia Saudita, impõe um embargo aéreo a Sanaa e ameaça assumir o controle do porto de Hodeida, alegando que os huthis utilizam estas infraestruturas para importar armas iranianas.

Vários organismos da ONU advertiram que uma operação contra o porto de Hodeida teria consequências devastadoras para o país no campo humanitário.

Quase 19 milhões de pessoas – praticamente 60% da população – vivem em situação de insegurança alimentar, indicou a ONU.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os combates deixaram mais de 8.000 mortos e mais de 44.500 feridos desde março de 2015.

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