Renúncia de procurador-geral do Peru é aceita, e substituta é nomeada
A Junta de Procuradores Supremos do Ministério Público do Peru aceitou nesta terça-feira (8) a renúncia do polêmico procurador-geral Pedro Gonzalo Chávarry e nomeou Zoraida Ávalos para seu lugar por 60 dias, em meio a uma crise gerada pela investigação de um caso de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht.
“A Junta de Procuradores Supremos nomeou a procuradora Zoraida Ávalos ao cargo de procuradora-geral de forma interina”, afirma um tuíte do grupo.
Em comunicado divulgado na noite de segunda, Chávarry anunciou sua renúncia, oficializada ante a Junta de Procuradores, em meio a protestos populares por seus supostos vínculos com a organização criminosa Los Cuellos Blancos del Puerto e seus atos contra a equipe especial do caso Lava Jato.
“Se sou o pretexto para que continuem esses atos ilegais contra a instituição que represento como procurador da nação, decidi por respeito a minha instituição, amor a Deus e a minha família, dar um passo ao lado”, indica a carta de renúncia de Chávarry apresentada à Junta de Procuradores Supremos.
A renúncia ocorre em meio à maior crise da história do Ministério Público.
A procuradora Zoraida Ávalos assumiu interinamente o cargo de procuradora-geral do Peru por 60 dias, após um acordo dos membros da Junta.
O procurador supremo Tomás Gálvez disse à imprensa que quem deveria assumir o cargo interino era Pablo Sánchez, “por ser o mais velho”, mas ele recusou, e Ávalos foi nomeada.
Nos próximos 60 dias devem ser realizadas eleições para eleger o novo procurador dos próximos três anos.
A vice-presidente Mercedes Araoz disse que a renúncia de Chávez era necessária para o bem do Ministério Público.
“Isso era necessário para resolver a situação e recompor uma agenda de resolução no Ministério Público”, disse Araoz.
A crise interna no MP do Peru se intensificou na quarta-feira, quando os procuradores nomeados para substituir os afastados Rafael Vela e José Domingo Pérez – encarregados da investigação dos supostos vínculos ilícitos entre a Odebrecht e ex-presidentes peruanos – rejeitaram a indicação.
Esse fato, somado a três dias de manifestações exigindo que Chávarry voltasse atrás em sua decisão, levaram o procurador-geral a restituir Vela e Pérez a suas funções.
A renúncia de Chávarry ocorre quando o Congresso peruano debate um projeto de lei apresentado pelo presidente Martín Vizcarra para declarar o MP em emergência, devido a essa crise.