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Repressão a protesto em Tucumán aumenta tensão entre presidenciáveis

Manifestantes protestam em frente a casa governamental, em Tucumán, Argentina, no dia 24 de agosto de 2015 afp_tickers

A dura repressão contra milhares de manifestantes na província argentina de Tucumán (norte), após as contestadas eleições de domingo, nas quais o kirchnerismo se garantiu no governo, fez aumentar nesta terça-feira a tensão entre os candidatos presidenciais.

Daniel Scioli, aliado da presidente Cristina Kirchner, repudiou uma “agressão brutal”, mas pediu ao seu maior adversário, o conservador Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, para “acatar a vontade popular”. A situação obteve 54% dos votos contra 40% de toda a oposição reunida.

Macri defendeu fazer um “escrutínio definitivo e ver o que foi que aconteceu”, depois de ter denunciado fraude, inclusive antes das eleições. A Argentina escolherá o sucessor de Kirchner em 25 de outubro.

Uma dezena de pessoas ficaram feridas e duas crianças tiveram que receber atendimento por inalação de gases. Milhares de pessoas voltaram a ser convocadas pelas redes sociais na noite desta terça-feira e voltaram a ocupar em protesto a praça em frente ao palácio do governo da província.

Tucumán é uma das províncias mais pobres da Argentina, com 1,1 milhão de eleitores. A votação foi ofuscada por incidentes e pela queima de 42 urnas. A Junta Eleitoral informou que o resultado é imutável e iniciou a contagem definitiva.

Alguns manifestantes, entre eles vários de esquerda, criticaram na segunda e novamente na terça-feira os dois adversários, o candidato kirchnerista Juan Manzur, que venceu com ampla vantagem, e seu adversário de uma frente de conservadores e social-democratas, José Cano.

A promotoria de Tucumán acusou as autoridades policiais pelos incidentes. O Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS), vinculado ao kirchnerismo, disse que a operação policial foi “violenta, descontrolada e sem

Macri e Sergio Massa, o outro candidato à Presidência por uma frente peronista adversária ao governo, não admitiram a vitória de Manzur e pediram a abertura das urnas e a recontagem voto a voto.

Consultada pela AFP, a polícia se negou a dar uma estimativa oficial do número de manifestantes feridos e detidos.

“É preciso deixar que as pessoas se expressem em paz e se manifestem”, disse o governador em fim de mandato, José Alperovich. Ele afirmou que um grupo tentou invadir a sede do governo.

Líder do partido opositor Proposta Republicana (PRO), Macri se expressou contra “este clima eleitoreiro” e afirmou que quando Cano, derrotado no domingo, “estimar que houve transparência”, cumprimentará Manzur.

A lenta contagem provisória foi detida em 81,55% das seções apuradas. “Se quiserem abrir as urnas e contar todos os votos, sejam bem-vindos”, afirmou Alperovich, antes de acrescentar: “Nós não trapaceamos nas eleições”.

Titular da junta eleitoral de Tucumán, Antonio Gandur afirmou que “é impossível que as eleições sejam anuladas. O voto popular será integralmente respeitado”.

Também afirmou que as cédulas e as urnas estão à disposição para revisão de qualquer líder político que solicitar.

O mais votado nas primárias de 9 de agosto e primeiro nas pesquisas como aspirante à sucessão de Kirchner pelo mesmo partido Frente para a Vitoria (FPV, centro esquerda), Scioli disparou críticas ao rival Macri.

“Quando se perde não se pode levar adiante este tipo de ações, as quais foram incentivando desde os dias anteriores às eleições”, indicou o governador da poderosa província de Buenos Aires, a mais populosa.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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