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São Paulo recebe Cúpula Mundial de Hepatites em meio a debate por acesso ao tratamento

Começa na quarta-feira em São Paulo a segunda Cúpula Mundial de Hepatites, que reunirá especialistas do mundo todo para elaborar uma estratégia global contra esta doença afp_tickers

Em pleno debate sobre o acesso popular a tratamentos, começa nesta quarta-feira em São Paulo a segunda Cúpula Mundial de Hepatites, que reunirá especialistas do mundo todo para elaborar uma estratégia global contra esta doença, que causa 1,3 milhão de mortes anuais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) detalhou na véspera do evento que nos dois últimos anos um número recorde de três milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento para hepatite C, transmitida principalmente por sangue contaminado, e que 2,8 milhões receberam remédios em 2016 para a hepatite B, que também é transmitida pelo contato com fluidos.

“Estes resultados trazem esperança de que a eliminação da hepatite pode e vai se tornar uma realidade”, disse Gottfried Hirnschall, diretor da OMS para o Departamento de HIV e do programa global de hepatite.

No entanto, milhões de pessoas, em sua maioria em países de renda média ou baixa, continuam sem poder adquirir as novas alternativas médicas, devido a seus altos custos.

“O quão bom é um medicamento de ponta que as pessoas não podem comprar? Os preços de medicamentos para hepatite C estipulados pelas empresas farmacêuticas estão fora do alcance de pessoas que pagam os próprios tratamentos, e também de muitos governos que sofrem para oferecer esse tratamento no sistema público de saúde”, lamentou Jessica Burry, da campanha de acesso a medicamentos do Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O alto custo do tratamento foi o motivo de um pequeno protesto nesta terça-feira em frente à sede em São Paulo da fabricante do medicamento mais potente e com menos efeitos colaterais contra a hepatite C.

“Sabemos que atualmente há um tratamento efetivo contra a hepatite C, podemos curá-la, e por isso estamos aqui hoje. O tratamento é vendido por um preço que ninguém pode bancar”, afirmou Aurelien Beaucamp, diretor do grupo de direitos humanos Aides.

No Brasil, o custo de 12 semanas de tratamento com este coquetel, que oferece 95% de chances de cura, é de 6.213 dólares em média, segundo cálculos da Coalition Plus, uma organização especializada no combate à aids e à hepatite.

Para a MSF, a chave está na distribuição de alternativas genéricas.

“Os países que estão obtendo bons resultados na cobertura do tratamento são aqueles onde há genéricos disponíveis”, disse a organização em um comunicado.

Organizada pela OMS e a Aliança Mundial Contra as Hepatites, em colaboração com o governo brasileiro, a cúpula é um esforço bienal que busca estabelecer uma agenda internacional comum para lutar contra esta doença, que afeta mais de 325 milhões de pessoas.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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