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Santiago de Cuba se despede de papa Francisco em clima de carnaval

O Papa Francisco se despede do povo ao se dirigir para o aeroporto em Santiago, no dia 22 de setembro de 2015 afp_tickers

Santiago de Cuba, berço da revolução cubana, do rum e da trova, se despediu nesta terça-feira em clima de carnaval do papa Francisco, na passagem de seu ‘papamóvel’ pelas pitorescas ruelas da cidade, antes de seguir viagem para os Estados Unidos.

A comitiva do papa argentino foi até a Catedral de Santiago pela rua Aguilera e parou por um momento em frente à antiga igreja de Dolores, transformada em Sala de Concertos, perto da praça com o mesmo nome, onde centenas de pessoas tinham se reunido desde a madrugada para saudá-lo.

“Isto parece um carnaval”, declarou à AFP Josefina Prosper, de 17 anos, presidente da Federação de Estudantes Secundaristas da província, em alusão à festa tradicional celebrada todo mês de julho em Santiago de Cuba, a maior cidade do leste da ilha.

“Hoje é ainda melhor, porque tem mais alegria”, disse seu colega Víctor Manuel Sánchez, também de 17 anos, apesar de sua professora de Física, Natacha Expóxito, intervir para esclarecer que eram “acontecimentos diferentes”.

“Nos carnavais transborda muita alegria e energia, mas isto é diferente, isto é único, porque carnavais temos todos os anos”, explicou à AFP esta professora, que disse ser prima do chefe do Partido Comunista na província, Lázaro Fernando Expósito, que tem o cargo de governador.

A breve parada que o papa fez na antiga igreja de Dolores, acompanhado no papamóvel pelo arcebispo de Santiago, Dionisio García, despertou o fervor da multidão que havia esperado quatro horas para vê-lo.

“O papa me deu sua bênção”

Ainda que não fosse possível escutar o que o arcebispo dizia a Francisco, é possível que lhe contava que este templo inaugurado em 1908 (no local onde havia um eremitério do século XVII), agora era a mais famosa Sala de Concertos da cidade.

Após um forte incêndio que destruiu o templo parcialmente em 1975, para facilitar sua reconstrução, o Arcebispado doou o imóvel ao Estado, que o transformou na Sala de Concertos Dolores, que tem a fama de ter a melhor acústica da ilha. Ali atua o Coro Santiago e a igreja ainda conserva seu órgão original.

Curiosamente, a poucos metros de onde o papamóvel parou temporariamente fica o ‘Bar Don Pancho’, apelido de Francisco, que exibia em sua vitrine uma enorme foto do papa com uma imagem da garrafa do famoso rum Santiago.

Esta cidade não é só centro da revolução cubana, mas também do rum e da trova, que deu fama à música cubana no mundo.

O papa retomou seu trajeto até a Catedral, onde pouco depois abençoou a cidade e brincou dizendo que “não existe sogra perfeita”.

As pessoas reunidas na praça de Dolores também riram quando viram que no final da longa comitiva de Francisco ia um papamóvel sem peças de reposição.

Depois, a multidão, que estava organizada até este momento, ocupou as ruas em um ambiente festivo como na festa de carnaval, em cada 25 de julho.

“O papa me deu sua bênção”, repetia, emocionada, Sheila Álvarez, de 11 anos, aluna do sétimo ano da escola José de la Luz y Caballeros.

Foi uma emoção também para Dolores “Lola” López, uma turista espanhola acompanhada das amigas Mercedes e Paz García, que por coincidência estavam na mesma cidade que o papa.

“Ele nos pegou de férias aqui”, disse García à AFP.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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