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Secretário-geral da OEA condena ‘intimidação’ a Guaidó e rejeita diálogo

Políciais de choque em um protesto em 15 de dezembro de 2018 em Manágua, Nicarágua afp_tickers

O secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou “energicamente” nesta quinta-feira (31) “a intimidação” das forças de segurança venezuelanas denunciada pelo presidente interino autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, e rejeitou um “diálogo” com o mandatário Nicolás Maduro.

“Condenamos energicamente a intimidação ao presidente Juan Guaidó e sua família por parte das forças repressivas da ditadura usurpadora da Venezuela. Esse é o ‘diálogo’ de Nicolás Maduro; esperemos que nenhum país democrático, nem organização se preste a isso”, tuitou, acrescentando a hashtag #OEAconVzla.

Almagro foi uma das primeiras autoridades a reconhecer Guaidó, que na qualidade de líder do Parlamento se autoproclamou em 23 de janeiro presidente interino, após considerar que o novo mandato de Maduro, iniciado em 10 de janeiro, é resultado de eleições fraudulentas e, portanto, ilegítimo.

A Organização dos Estados Americanos está, no entanto, dividida sobre a crise na Venezuela. Dos 35 membros do bloco, apenas 16 apoiaram na quinta-feira passada uma declaração a favor de Guaidó em sua disputa pelo poder com Maduro.

A declaração foi assinada pelas delegações de Brasil, Argentina, Bahamas, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Honduras, Guatemala, Haiti, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana.

Na região, Maduro conta com o apoio declarado de Bolívia, Cuba e Nicarágua.

Uruguai e México anunciaram na quarta-feira a convocação de uma conferência internacional de países e organismos com posição neutra sobre a Venezuela em 7 de fevereiro, em Montevidéu.

Na própria quarta-feira, Almagro, ex-chanceler uruguaio, descartou taxativamente a possibilidade de uma mediação com o governo de Maduro.

“Do mais ridículo que podemos ver neste tempo é o oferecimento de mediação porque este não é um tema de negociar entre duas partes, é um tema de redemocratizar o país”, disse em coletiva de imprensa com representantes de Guaidó em Washington.

“A negociação de saída da usurpação é a negociação que precisa ser feita”, afirmou.

O governo de Maduro ofereceu negociar com a oposição e comemorou as gestões do México e do Uruguai na ONU neste sentido. Mas Guaidó reiterou que não se prestará a “diálogos falsos”.

A União Europeia anunciou nesta quinta-feira a criação de um Grupo de Contato de países europeus e latino-americanos de “90 dias” de duração para trabalhar rumo a uma saída para a crise na Venezuela por meio de eleições.

O objetivo “não é mediar”, mas “acompanhar” o país em uma saída “pacífica” e “democrática” para a crise, disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

O Grupo de Lima, bloco de países latino-americanos e o Canadá, criado em agosto de 2017 para promover uma saída pacífica para a crise política na Venezuela, se reunirá em caráter de urgência na próxima segunda-feira em Ottawa para analisar a situação.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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