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Senadores dos EUA pedem que eleições da Nicarágua sejam rejeitadas e Ortega sancionado

O presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, o democrata Bob Menendez, no Capitólio, em 14 de setembro de 2021, em Washington, DC afp_tickers

Um grupo de senadores democratas e republicanos dos Estados Unidos pediu ao governo de Joe Biden nesta sexta-feira (1º) que sancione o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, pela massiva repressão de opositores antes das eleições de novembro, em que ele busca um quarto mandato seguido.

Em carta ao secretário de Estado, Antony Blinken, 15 legisladores instaram o Executivo a aplicar contra Ortega o arsenal de medidas punitivas previstas na Lei de Direitos Humanos e Anticorrupção da Nicarágua de 2018, conhecida como “NICA Act”, e no projeto de lei “RENACER Act”, aprovado pelo Senado em agosto.

Os senadores urgiram o governo Biden a “fazer cumprir plenamente” as disposições do “NICA Act”, que restringe o acesso da Nicarágua a créditos de organizações multilaterais.

Também solicitaram que as próximas eleições sejam consideradas ilegítimas, além de que seja avaliada a suspensão da Nicarágua da Organização dos Estados Americanos (OEA) e revisada sua participação no acordo de livre comércio entre os Estados Unidos, a América Central e a República Dominicana (CAFTA-DR, na sigla em inglês).

Entre os signatários da carta estão Dick Durbin, o democrata número dois na Câmara Alta, e Bob Menéndez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, assim como os republicanos Ted Cruz, Marco Rubio e Rick Scott, entre outros.

No texto, os senadores lembram que, desde maio, o governo Ortega perseguiu e prendeu mais de 150 líderes da oposição, incluindo cinco pré-candidatos à presidência.

Também denunciaram que a Assembleia Nacional, controlada por Ortega, legalizou a detenção arbitrária, a restrição à liberdade de expressão e ao trabalho das ONGs defensoras dos direitos humanos. Questionaram ainda se um novo acordo com a Rússia está sendo ratificado “para censurar o uso da internet”.

“Essas ações equivalem a um amplo ataque autoritário contra as instituições e a sociedade civil da Nicarágua”, argumentaram.

Cerca de trinta funcionários e parentes do presidente Ortega, incluindo sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo, foram sancionados nos últimos três anos pelos Estados Unidos sob a Lei Magnisky, que visa estrangeiros acusados de corrupção e violação dos direitos humanos.

Além disso, Washington impôs restrições de visto a vários funcionários nicaraguenses que acusa de serem cúmplices da repressão estatal.

Ortega, de 75 anos, governa o país desde 2007 e concorrerá ao quarto mandato consecutivo de seu partido, a ex-guerrilha de esquerda Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Para o sandinismo, os opositores detidos são “mercenários” apoiados por Washington para tentar derrubar Ortega.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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