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Temer e Pence tratam de crianças brasileiras separadas nos EUA e Venezuela

O vice-presidente americano, Mike Pence, chega a Brasília em 26 de junho de 2018 afp_tickers

O destino das crianças brasileiras separadas de seus pais na fronteira americana e a crise na Venezuela foram os principais temas abordados pelo presidente Michel Temer e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, em reunião em Brasília, nesta terça-feira (26).

“Assinalei que nosso Governo está pronto a colaborar no transporte dos menores brasileiros de volta ao Brasil, se for esse o desejo das famílias. As autoridades dos dois países continuarão em contato sobre esse tema”, disse Temer em uma declaração conjunta à imprensa após uma reunião em Brasília.

Segundo fontes brasileiras do Palácio do Planalto, a proposta foi bem recebida.

Cerca de 50 crianças brasileiras estão em abrigos nos Estados Unidos separados de seus pais na fronteira.

Ao todo, sob a implementação da política de “tolerância zero” destinada a conter a imigração, mais de 2 mil crianças foram separadas de seus pais e permanecem sob cuidados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos em vários abrigos.

“Se trata de questão extremamente sensível para a sociedade e o Governo brasileiros. Pedi sua especial atenção para assegurar a rápida reunião das famílias”, afirmou Temer, agradecendo a disposição de Pence, “que me indicou para trabalharmos juntos em busca de uma solução”.

O vice-presidente americano apontou que seu governo “está trabalhando para reunir as famílias, inclusive as brasileiras”.

Ele acrescentou que “os Estados Unidos são o país que mais recebe imigrantes no mundo” e disse que seu governo mantém um “compromisso para abordar as causas” que provocam a violência e a criminalidade na América Central, estimulando a imigração.

Pence e a secretária de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, se reunião nesta quinta-feira, na Cidade da Guatemala, com os presidentes da Guatemala e de Honduras e o vice-presidente de El Salvador para discutir a crise migratória.

Pence, que viaja pela terceira vez à América do Sul, realiza a primeira visita de alto nível americana ao Brasil desde a de seu antecessor, Joe Biden, em 2014, durante a Copa do Mundo.

– Isolar Maduro –

A crise venezuelana foi outro tema da agenda de Temer e Pence.

O vice-presidente americano pediu para o Brasil apoiar “ações mais fortes” para isolar o governo de Nicolás Maduro e evitar que “o povo venezuelano continue sofrendo”.

Ele destacou o apoio do Brasil às sanções econômicas contra Caracas e comemorou a decisão da União Europeia de sancionar a vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez.

“Os Estados Unidos permanecerão junto ao bom povo da Venezuela”, com a ajuda do Brasil.

Temer disse que os dois países “convergem no desejo de uma plena restauração democrática na Venezuela”.

Após o encontro, o chanceler Aloysio Nunes apontou, segundo a Agência Brasil, que o governo brasileiro é contrário a “qualquer iniciativa unilateral em matéria de sanções”. “Para nós, o tema da Venezuela está colocado onde deveria estar colocado, na OEA (Organização dos Estados Americanos)”, afirmou.

Pence viaja ainda nesta terça-feira para Manaus, para visitar um abrigo para venezuelanos. Milhares de refugiados do país chegaram nos últimos anos à capital amazonense, a quase mil quilômetros da fronteira com a Venezuela.

Mais de 32 mil venezuelanos buscaram refúgio no Brasil, além de milhares de outros residentes temporários nos últimos três anos, com números aumentando à medida que se aprofunda a crise social, econômica e política no país vizinho. P

Pence anunciou a entrega de mais 10 milhões de dólares para a acolhida migratória no Brasil, além dos mais de 10 milhões já enviados.

Em Manaus, Pence sobrevoará a floresta amazônica antes de continuar sua excursão em Quito.

Outro tema que citado por Temer que gerou diferenças entre Brasil e Estados Unidos, é a imposição por parte de Washington de tarifas alfandegárias e cotas às importações de alumínio e aço.

O mandatário pediu para continuar trabalhando para eliminar barreiras ao comércio.

Desde 1º de junho, as exportações brasileiras aos Estados Unidos de alumínio são taxadas com uma tarifa de 10% e as de aço são sujeitas a cotas, o que o Brasil considerou injustificado e para o que pede soluções.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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