Perspectivas suíças em 10 idiomas

Tempo ameaça primeiro voo tripulado da SpaceX

A cápsula Crew Dragon em 24 de maio de 2020 no Centro Espacial Kennedy, e, Cabo Canaveral (Flórida) afp_tickers

O dia 27 de maio de 2020 deveria marcar o início de uma nova era espacial com o envio por parte da empresa SpaceX de dois astronautas da Nasa ao espaço, uma capacidade que durante décadas simbolizou o poder de alguns países e da qual os Estados Unidos permaneceram privados nos últimos nove anos.

Chuvas, trovões e relâmpagos afetavam o Centro Espacial Kennedy, na costa da Flórida, na manhã desta quarta-feira, porém, e o Centro Nacional de Furacões anunciou a formação de uma tempestade tropical na Carolina do Sul, mais ao norte.

Essa condição climática pode representar um risco para os astronautas, em caso de necessidade de amerissagem de emergência no Atlântico após a decolagem.

Os diretores da agência espacial e da SpaceX se reunirão nas próximas horas para decidir se o evento histórico será adiado para sábado, a próxima janela de lançamento possível.

“A reunião sobre o clima do Atlântico determinará se podemos fazer o lançamento”, tuitou o fundador da SpaceX, Elon Musk, que aguarda este momento desde a criação da start-up espacial em 2002.

Se o tempo permitir, às 16h33 (17h33 de Brasília), da plataforma de lançamento 39A do Centro Espacial Kennedy, de onde decolaram Neil Armstrong e seus companheiros da missão Apollo 11, um foguete SpaceX com a nova cápsula Crew Dragon acoplada decolará rumo à Estação Espacial Internacional (ISS).

Bob Behnken e Doug Hurley, os dois homens escolhidos pela Nasa para a missão de demonstração, permaneceram em quarentena durante duas semanas.

A Space Exploration Technologies Corp., fundada com a determinação de mudar as regras do jogo da indústria aeroespacial, conquistou aos poucos a confiança da maior agência espacial do mundo.

A SpaceX se tornou em 2012 a primeira empresa privada a acoplar uma cápsula de carga à ISS. Dois anos depois, a Nasa pediu que a empresa adaptasse a cápsula Crew Dragon para poder transportar astronautas.

“A SpaceX não estaria aqui sem a Nasa”, disse Musk no ano passado, após um teste geral da viagem à ISS sem tripulação.

A agência espacial pagou mais de 3 bilhões de dólares à SpaceX para projetar, construir, testar e operar sua cápsula e fazer seis viagens espaciais de ida e volta.

O desenvolvimento enfrentou atrasos, explosões, problemas de paraquedas, mas a SpaceX venceu a gigante Boeing. Esta última também recebeu um pagamento da Nasa para construir uma cápsula, a Starliner, que ainda não está pronta.

Decidido durante as presidências de George W. Bush (envio de carga) e Barack Obama (envio de astronautas), o investimento é considerado frutífero em comparação com os bilhões de dólares gastos nos sistemas anteriores desenvolvidos pela Nasa.

“Alguns afirmaram que é inviável, ou imprudente, trabalhar com o setor privado desta maneira. Não concordo”, disse Obama em 2010.

A decisão do ex-presidente enfrentou a hostilidade do Congresso e da Nasa.

Dez anos depois, seu sucessor, o presidente Donald Trump, comparecerá ao Centro Kennedy para o lançamento. O republicano tenta reafirmar o domínio americano do espaço e ordenou o retorno à Lua em 2024.

A Crew Dragon é uma cápsula como a Apollo, mas do século XXI. As telas sensíveis ao toque substituíram os botões e joysticks. O interior é dominado pelo branco com uma iluminação mais sutil, sem qualquer relação com os ônibus espaciais que foram usados entre 1981 e 2011.

A cápsula deve chegar à ISS, situada a 400 quilômetros sobre o nível do mar, na quinta-feira e provavelmente permanecerá acoplada até agosto.

Se cumprir sua missão, os americanos não dependerão mais dos russos para chegar ao espaço, como acontece desde 2011. Até o momento, pois as naves Soyuz russas são os únicos veículos espaciais que fazem o percurso, decolando do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR