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Total de 94% dos peruanos rejeitaram nomeação de Merino como presidente, aponta pesquisa

Manuel Merino anuncia em Lima sua demissão da presidência peruana afp_tickers

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira confirma a rejeição em massa dos peruanos à destituição do presidente Martín Vizcarra e à sua substituição pelo presidente do Parlamento, Manuel Merino, que renunciou cinco dias depois, após protestos em massa.

“Um total de 94% dos peruanos discordaram da nomeação de Merino, enquanto 5% mostraram-se favoráveis e 1% não informou”, aponta uma pesquisa nacional feita pela empresa Ipsos na última segunda-feira, dia em que o Congreso elegeu o centrista Francisco Sagasti como novo presidente.

“Não lembro de uma cifra tão baixa para um presidente, com 5% de aprovação e 94% de rejeição”, comentou o presidente da Ipsos Peru, Alfredo Torres, que comentou os resultados da pesquisa durante teleconferência com a imprensa estrangeira nesta quinta-feira.

Com essas cifras, a permanência de Merino no comando era inviável, apontou Torres. O estudo mostrou 73% de apoio às manifestações da semana passada contra Merino, da qual participaram principalmente jovens e que foram reprimidas com violência pela polícia.

O governo Merino defendeu a repressão. Seu número dois, o chefe de gabinete Ántero Flores Aráoz (cuja desaprovação chegou a 88% na pesquisa), cumprimentou pessoalmente a polícia por seu trabalho.

“Os manifestantes não respondem a apenas uma ideologia, nem foram manipulados”, esclareceu Torres, minimizando as acusações do governo Merino de que os mesmos haviam sido convocados por organizações de esquerda.

Um total de 88% dos manifestantes se opuseram à destituição de Vizcarra, contra 11%. “O motivo não era que eles acreditavam em Vizcarra, e sim achavam que ele deveria ser investigado após concluir seu mandato”, em julho de 2021, pelas denúncias de corrupção quando era governador, em 2014, apontou Torres.

Quarenta por cento dos entrevistados acreditam que Vizcarra foi removido porque os parlamentares “queriam tomar o controle do Executivo”, e outros 40% porque os parlamentares se sentiram ameaçados quando Vizcarra mencionou que 68 legisladores tinham processos judiciais.

Um total de 78% atribuíram diretamente ao Parlamento a pior crise política em duas décadas, que, agora, Sagasti tenta superar. A pesquisa foi feita presencialmente e ouviu 1.207 cidadãos em áreas urbanas, com margem de erro de 2,8%.

Outra pesquisa, do Instituto de Estudos Peruanos (IEP), apresentou resultado semelhante: 91% desaprovaram a destituição de Vizcarra, contra 8%.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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