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Um de cada sete bebês de mães com zika em territórios dos EUA nasceu com anomalias

Brenda Pereira com sua filha de quatro meses, Maria Fernanda, enquanto esperam para fazer exames médicos no Instituto Estadual do Cérebro (IEC), no Rio de Janeiro, em 2017 afp_tickers

Cerca de um de cada sete bebês que estiveram expostos ao vírus zika no útero da mãe em territórios americanos tem ao menos uma deficiência em seu desenvolvimento, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira.

A taxa de anomalias entre os filhos do zika (cerca de 14%) é 30 vezes maior que a taxa de anomalias que ocorre entre os bebês que não estiveram expostos a este vírus propagado por mosquitos, disseram funcionários dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Os problemas de saúde incluem microcefalia, danos cerebrais ou na visão, convulsões e atrasos de desenvolvimento, indicou o relatório CDC Vital Signs, o maior estudo já realizado sobre bebês de mães que foram infectadas pelo zika durante a gravidez.

“Alguns destes problemas não foram evidentes ao nascimento e acabaram identificados à medida que os bebês cresceram”, indicou o relatório, que incluiu mais de 4.800 gravidezes que testaram positivo para o zika nos territórios americanos de Porto Rico, Samoa Americana, Micronésia, Ilhas Marshall e Ilhas Virgens entre 2016 e 2018.

O relatório se concentrou nos territórios americanos, que foram os mais afetados pelo surto, e não incluiu os casos registrados nos Estados Unidos continental.

“Destas gravidezes, 1.450 bebês tinham ao menos um ano de idade e tiveram alguns cuidados de acompanhamento relatados para esta análise”, disse o estudo.

Um total de 203 bebês “registraram uma má-formação congênita vinculada ao zika, uma anormalidade no desenvolvimento neurológico possivelmente associada à infecção congênita do vírus, ou ambos”.

A taxa de más-formações vinculadas ao zika é comparável às registradas por estudos anteriores no Brasil e em outras áreas afetadas pela epidemia, disse Peggy Honein, diretora da divisão de transtornos congênitos e do desenvolvimento do CDC.

“Consistentemente, vimos que 5 a 10% dos bebês das gravidezes com zika têm uma destas deficiências cerebrais ou de visão, ou microcefalia”, disse a jornalistas em uma conferência de imprensa.

“Houve alguns informes que usaram critérios diferentes e incluíram uma gama mais ampla de consequências (…) E se você utiliza critérios mais amplos, vai ver mais bebês afetados”, acrescentou.

“Acreditamos que não há uma diferença geográfica, mas uma diferença no critério” utilizado nos estudos, acrescentou.

Houve 74 casos de zika até agora neste ano nos territórios americanos, quase todos em Porto Rico, disse Lyle Pedersen, diretor da divisão de doenças infecciosas dos CDC.

“Há uma transmissão em curso em Porto Rico, mas obviamente em um nível muito menor do que vimos em anos anteriores”, acrescentou.

No início de 2015, um surto maciço de zika surgiu na América Latina e Caribe e acabou afetando 86 países no continente americano e na África.

O vírus zika, transmitido pela picada de mosquitos e por contato sexual, é particularmente perigoso para as mulheres grávidas, porque foi provado que pode causar más-formações congênitas nos fetos.

“A história do zika não acabou. Ainda estamos aprendendo a cada dia sobre o impacto destas infecções”, disse Honein.

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