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Uribe e Pastrana, ex-presidentes da Colômbia, rejeitam acordo com Farc

O ex-presidente Álvaro Uribe, em Caldas, no dia 29 de agosto de 2016 afp_tickers

Dois ex-presidentes da Colômbia, Andrés Pastrana e Álvaro Uribe, se reuniram nesta quinta-feira (1), após anos de altos e baixos em suas relações políticas, para rejeitar o acordo de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e a guerrilha das Farc.

“Toda a preocupação do perigo na Colômbia de entregar a pátria para as Farc. Vamos refletir”, disse Uribe em um vídeo divulgado em redes sociais em que aparece junto com Pastrana, após reunião em Bogotá.

“Concordamos com @AlvaroUribeVel em NÃO entregar a Colômbia, sua justiça, suas instituições para as Farc. E sobre a Venezuela, contra a ditadura”, escreveu Pastrana em sua conta no Twitter.

Ambos ex-presidentes se opõem ao acordo alcançado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), após quase quatro ano de negociações em Cuba para terminar mais de meio século de conflito armado.

Os colombianos devem se pronunciar sobre o acordado em um plebiscito no dia 2 de outubro. Se aprovado, as Farc começarão o processo para se tornar uma organização política legal.

Uribe e Pastrana, que chamam para votar “não” no plebiscito, estiveram distanciados durante anos, mas aproximaram-se recentemente com a oposição ao processo de paz e ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

“Todo o apoio à oposição democrática na Venezuela, todos os desejos para que o pesadelo castrista que trouxe (Hugo) Chávez e que Maduro continuou, que aumenta a violência contra os direitos democráticos, seja superado na Venezuela”, afirmou Uribe nesta quinta-feira, enquanto uma manifestação opositora em Caracas buscava exigir um referendo revogatório contra o presidente venezuelano.

Uribe prometeu durante seu governo (2002-2010) uma saída militar ao conflito armado colombiano, ainda que também tenha buscado dialogar com as Farc e outras guerrilhas. Naquele momento, questionou a fraqueza de seu antecessor Pastrana (1992-2010) para negociar com os “terroristas”.

Pastrana impulsionou frustradas negociações com as Farc, a quem outorgou 42.000 km² no sul do país para a concentração dos insurgentes. Agora, o ex-presidente considera o acordado entre Santos e as Farc como um “golpe de Estado”, mesmo que inicialmente tenha apoiado os diálogos iniciados em 2012, em Cuba.

“Me expliquem como (Uribe) se sentou com o tráfico, com o cartel de Medellín e os paramilitares, e não deu a Santos a oportunidade de fazer um processo com guerrilha”, disse em setembro de 2012.

Pastrana se referia à desmobilização de paramilitares surgidos nos anos 1980 para combater as guerrilhas, processo realizado entre 2003 e 2006 por Uribe, a quem acusou em várias ocasiões de ser simpático a esses grupos.

As críticas dos ex-presidentes ao acordo de Havana apontam para o sistema de justiça por considerar que os responsáveis pelos “crimes” ficarão impunes.

Segundo o acordo de paz, quem confessasse os crimes diante de um tribunal especial, poderia evitar a prisão e receber penas alternativas. Se não o fizerem e forem declarados culpados, serão condenados a penas de oito a vinte anos de prisão.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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