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Veja o que se sabe sobre os ataques sônicos em Havana

(Arquivo) Embaixada americana em Havana afp_tickers

O difícil processo de reaproximação entre Washington e Havana, iniciado em 2015, é ameaçado pelos supostos ataques sônicos contra diplomatas americanos em Cuba, uma situação que, apesar dos esforços, continua cercada de mistério.

Veja o que se sabe sobre o ocorrido:

– A denúncia –

O Departamento de Estado americano afirma que pelo menos 22 diplomatas de sua embaixada em Havana relataram uma variedade incomum de sintomas físicos.

As autoridades acreditam que os sintomas estão ligados a um “ataque específico” por meios até então desconhecidos.

Esses ataques teriam começado no final de novembro de 2016, e o último caso ocorreu em agosto passado.

Entre os sintomas mencionados, destacam-se “danos cerebrais traumáticos leves e perda auditiva, bem como desequilíbrio, dores de cabeça severas, dificuldades cognitivas e inchaço cerebral”.

Outros relatórios mencionam dores nas costas, tonturas, fadiga e perda de sono.

– A definição –

Até semana passada, o Departamento de Estado se referia a “incidentes”, mas passou a considerar o caso com um “ataque específico”.

O governo canadense informou que cinco de seus funcionários na embaixada em Cuba relataram sintomas similares, mas não considerou o episódio como um “ataque”.

O Departamento de Estado admite não ter conhecimento de outros americanos que estiveram em Cuba e relataram os mesmos sintomas.

– A acusação –

Por enquanto, os Estados Unidos afirmam que não têm elementos para acusar Cuba de ser responsável pelos ataques.

No entanto, afirma que o país tem a responsabilidade de assegurar a segurança dos diplomatas estrangeiros em seu território.

Cuba nega qualquer envolvimento do governo nos episódios misteriosos.

Havana também assegura que não permitiria que outro país usasse seu território para esse propósito, mas sustenta que não há evidência de que os ataques tenham realmente ocorrido.

– As consequências –

Em maio deste ano, o Departamento de Estado expulsou discretamente dois diplomatas da embaixada cubana em Washington, como resultado dessa situação.

Em 29 de setembro, anunciou a decisão de reduzir pela metade o pessoal de sua embaixada em Havana, suspendeu a emissão de vistos e emitiu um alerta com recomendações para que os cidadãos americano evitem viajar para Cuba.

Finalmente, em 3 de outubro, ordenou a expulsão de 15 diplomatas cubanos em Washington, em uma escalada que coloca todo o processo de aproximação entre os dois países em risco após mais de 50 anos de ruptura diplomática.

– O instrumento –

O suposto dispositivo utilizado nos ataques é completamente desconhecido, embora fontes anônimas do Departamento de Estado tenham especulado algum tipo de arma sônica.

Contudo, muitos especialistas consultados pela imprensa local ressaltam que dificilmente um dispositivo dessa natureza possa provocar danos cerebrais.

– O cenário –

Inicialmente, as autoridades americanas indicaram que os ataques ocorreram nas residências dos diplomatas, mas na semana passada indicaram que podem ter acontecido em hotéis de Havana. Por essa razão desaconselham viagens a Cuba.

– A investigação –

Os dois países abriram investigações sobre o ocorrido, e Cuba permitiu – pela primeira vez em meio século – a entrada em seu território de agentes do FBI (a polícia federal americana).

Contudo, Cuba reclama que seus especialistas tiveram acesso negado aos diplomatas americanos que denunciaram os sintomas, e afirma que até o momento não foram encontradas evidências dos ataques.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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