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Venezuela diz que sanções impedem compra de mais vacinas

O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, concede entrevista à AFP em Caracas afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. abril 2021 - 22:07
(AFP)

O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, disse nesta quarta-feira (7) que, se não fossem as sanções econômicas contra o governo de Nicolás Maduro, o país já teria comprado todas as vacinas contra a Covid-19 de que precisa.

"Se a Venezuela não tivesse seus recursos bloqueados [no exterior], teríamos comprado há três meses as 30 milhões de vacinas que faltam ao país", de quase 30 milhões de habitantes, afirmou o ministro em entrevista à AFP em Caracas. "Como estão bloqueados, aqui estamos. Algumas chegam com os russos, outras, com os chineses."

Os Estados Unidos, que não reconhecem o governo Maduro, congelaram milhões de dólares venezuelanos em bancos americanos.

A Venezuela recebeu pouco menos de 1 milhão de vacinas: 250.000 doses da russa Sputnik V e meio milhão da farmacêutica chinesa Sinopharm, enquanto a oposição acusa o governo de dificultar o recebimento de novas doses. Atualmente, o plano de vacinação do país contempla profissionais de saúde, professores e autoridades.

"Não apenas teríamos as 30 milhões de vacinas, mas teríamos vacinado metade da população se não tivéssemos os recursos bloqueados em bancos internacionais", assinalou Arreaza, chanceler desde 2017. A meta do governo venezuelano é vacinar 70% da população este ano.

Maduro também afirmou hoje, em ato transmitido pela TV, que o país enfrenta uma "perseguição" para comprar vacinas. O governo fechou a compra de 20 milhões de doses do imunizante russo por 200 milhões de dólares, para a qual "existe um cronograma de pagamento", citou Arreaza.

Além das dificuldades causadas pelas sanções americanas, o governo venezuelano trava uma batalha na Justiça para repatriar cerca de 30 toneladas de ouro venezuelano depositadas no Banco da Inglaterra, recurso que será destinado a atender à crise humanitária causada pela pandemia, afirmou. "Para os primeiros depósitos feitos a Moscou, só nos faltou sair correndo com uma mala de dinheiro, porque nenhuma rota financeira fazia com que o dinheiro chegasse à Rússia", comentou o chanceler venezuelano. "No fim, conseguimos, mas a um custo muito maior, com mais comissões, custo que representa menos vacinas."

- Conversas continuam -

Maduro também negocia o acesso à aliança global Covax, da Organização Mundial da Saúde, em meio a uma disputa política com o líder oposicionista Juan Guaidó, que controla os fundos venezuelanos bloqueados no exterior pelas sanções. "Esperamos que a Opas receba os recursos para a compra de vacinas na Venezuela, a Opas e o mecanismo Covax, e que nos deem nossas vacinas, porque iremos pagar por elas", disse Arreaza.

Guaidó iniciou articulações nos Estados Unidos para liberar parte dos fundos, a fim de ter acesso ao Covax, o que ainda não se concretizou. O diretor do Departamento de Emergências Sanitárias da Opas, Ciro Ugarte, declarou que "as negociações e conversas continuam, e os esforços para desbloquear os recursos da Venezuela no exterior continuam em andamento, de tal forma que o pagamento para o acesso à aliança Covax não foi feito".

A Venezuela, que enfrenta a segunda onda da pandemia, reiterou que não irá aplicar a vacina AstraZeneca, disponibilizada inicialmente pela Opas, devido aos seus possíveis efeitos colaterais. Após essa decisão, Guaidó acusou o governo socialista de "criar obstáculos durante uma emergência", e pediu que seja autorizada a entrada das vacinas.

O governo venezuelano registra 165 mil casos e 1.700 mortos pela Covid, números questionados por ONGs como a Human Rights Watch, as quais consideram que há uma subnotificação elevada.

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