The Swiss voice in the world since 1935

Alemanha anuncia dissolução de organização extremista que criou ‘Estado paralelo’

afp_tickers

O governo da Alemanha anunciou, nesta terça-feira (13), a proibição do “Reino da Alemanha”, uma organização acusada de “atacar a ordem democrática e liberal”, em um golpe à ideologia extremista e de conspirações que avança no país.

As autoridades confirmaram operações em sete regiões do país contra o “Reino da Alemanha”, anunciou o Ministério do Interior em um comunicado. O grupo tem quase 6.000 integrantes, que “negam a existência da República Federal da Alemanha e rejeitam seu sistema jurídico”.

A associação “Reino da Alemanha” está proibida a partir desta terça-feira, já que “seus objetivos e atividades são contrários à legislação penal e à ordem constitucional”, explicou o ministério. O comunicado afirma ainda que a proibição também afeta as “numerosas organizações afiliadas a esta associação”. 

O grupo, que está presente em toda a Alemanha, criou “um ‘Estado paralelo’ em nosso país desde 2012 e construiu estruturas de crime econômico”, afirmou o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, em uma coletiva de imprensa.

Classificada como “extremista” pelo ministério, a associação proibida é parte de um movimento de conspiração na Alemanha conhecido pelo nome genérico de “Reichsbürger” (“Cidadãos do Reich”). 

Os simpatizantes deste fenômeno, quase 23.000 em 2022, segundo o serviço de inteligência interna, rejeitam a legitimidade da República alemã moderna e defendem a vigência do Reich anterior à Primeira Guerra Mundial, em forma de monarquia. 

Vários seguidores do movimento chegaram a criar até mesmo seus próprios miniestados.

– “Conspiração antissemita” –

“Reino da Alemanha” foi fundado em 2012 por Peter Fitzek, um ex-professor de karatê que se proclamou rei. 

A AFP conseguiu entrevistá-lo no final de 2013, em um conjunto de imóveis reformados que serviam como “palácio”.

Fitzek, que criou para seu “reino” leis, uma moeda, uma bandeira e documentos de identidade próprios, explicou na época que havia fundado o Estado para contra-atacar a “manipulação das massas” que, na opinião dele, impera na sociedade alemã.

Peter Fitzek foi detido na operação desta terça-feira, ao lado de outros três fundadores do grupo, que há uma década criaram estruturas e instituições “pseudoestatais”, incluindo um sistema bancário e de seguros. 

O “Reino da Alemanha” está “se expandindo” há vários anos, afirmou o Ministério do Interior.

Os membros “respaldam sua reivindicação de soberania com histórias de conspiração antissemita, o que é intolerável num Estado de Direito”, acrescentou. 

O grupo também tem fins lucrativos e, durante anos, desenvolveu atividades bancárias e de seguros ilegais com as suas subestruturas.

O novo governo da Alemanha, liderado pelo conservador Friedrich Merz, enfrenta o avanço das ideologias extremistas de direita. 

O partido de extrema direita Alternativa para Alemanha (AfD) é a primeira força de oposição no Bundestag, após obter uma votação recorde nas eleições legislativas de 23 de fevereiro.

Durante o governo anterior de Olaf Scholz, várias organizações deste tipo foram desmanteladas, muitas vezes acompanhadas pela apreensão de armas.

O novo ministro indicou que a operação de terça-feira estava sendo preparada há “vários meses”.

smk/bow/avl-meb/zm/fp

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR