Apoiadores de Evo Morales marcham na Bolívia para defender sua candidatura

Milhares de apoiadores do ex-presidente Evo Morales clamaram, nesta sexta-feira (16), na Bolívia, pela candidatura do líder indígena, durante uma marcha em La Paz, apesar de a Justiça ter invalidado de antemão sua aspiração às eleições de 17 de agosto.
Os manifestantes enfrentaram a polícia quando quiseram se aproximar da sede do tribunal eleitoral, constatou a AFP.
Morales havia antecipado que lideraria uma marcha para registrar sua campanha, mas ele não é visto em público há sete meses.
Além do veto presidencial, Morales enfrenta uma ordem de prisão por uma acusação de tráfico de uma menor de idade durante o seu mandato (2006–2019), o que ele nega.
No X, o ex-presidente defendeu “eleições livres, transparentes e sem proscrições”.
O senador Leonardo Loza, um colaborador próximo de Morales, assegurou à AFP que o líder esquerdista “está em La Paz”, mas não confirmou se participaria da manifestação.
“Temos a obrigação de preservar sua integridade física, portanto ele decidirá se participará ou não”, disse o senador.
A caravana partiu na quinta-feira de Cochabamba, região central da Bolívia, reduto eleitoral de Morales, e chegou a La Paz nesta sexta.
Com bandeiras indígenas multicoloridas, os apoiadores de Morales clamaram, aos gritos, por sua candidatura.
“Estamos [aqui] para exigir nossos direitos democráticos, nossos direitos políticos”, disse o senador Loza.
Nos últimos sete meses, o ex-presidente de 65 anos se refugiou em um pequeno povoado na região cocaleira de Chapare, em Cochabamba, protegido por centenas de indígenas armados com paus para evitar sua prisão.
O ministro do Governo (Interior), Eduardo del Castillo, anunciou em uma coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, que se Morales aparecer na marcha, será preso.
“Se o encontrarmos andando pelas ruas, executaremos o mandado de prisão”, afirmou.
O protesto ocorre depois que o Tribunal Constitucional ratificou, nesta semana, uma decisão que desqualifica Morales para concorrer a um quarto mandato, já que ele foi presidente mais de duas vezes, de 2006 a 2019.
O medo do setor ‘evista’ é que o tribunal eleitoral acate a sentença judicial e deixe o líder cocaleiro de fora da disputa.
O prazo para a inscrição de candidatos presidenciais termina em 19 de maio, mas apenas até 6 de junho a autoridade eleitoral definirá a lista definitiva dos postulantes, após revisar os requisitos legais.
Morales ainda não tem um partido político. Ele renunciou ao governista Movimento ao Socialismo (MAS), depois que a Justiça entregou sua direção a uma cúpula aliada a Arce, que hoje se tornou seu principal adversário.
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