Avião Solar Impulse 2 inicia com sucesso volta ao mundo histórica

O avião Solar Impulse 2, movido exclusivamente a energia solar, concluiu com sucesso, nesta segunda-feira, a primeira etapa de uma volta ao mundo sem precedentes – que tem por objetivo promover o uso das energias renováveis e testará a resistência dos pilotos.
A aeronave revolucionária, que não utiliza nenhum combustível, decolou às 7h12 locais (0h12 de Brasília), antes do nascer do sol, antes de aterrissar treze horas e dois minutos depois em Mascate (Sultanato de Omã).
Ao abrir a porta da cabine, o piloto suíço Bertrand Piccard, usando um tradicional turbante local, deu boas-vindas ao compatriota André Borschberg.
“Começou a aventura”, declarou Piccard após a decolagem do avião, comandado na primeira etapa por Borschberg.
Piccard será o encarregado de pilotar a aeronave durante a segunda etapa desta volta ao mundo, que iniciará no início desta terça-feira em Mascate.
“O desafio a seguir é real para mim e para a aeronave”, disse o piloto de 63 anos pouco antes da decolagem.
Os dois pilotos, vestidos com uniformes de cor laranja, fizeram as últimas inspeções durante a noite. Borschberg entrou na cabine do avião sob os aplausos de toda a equipe.
A decolagem em Abu Dabi, prevista inicialmente para ocorrer no sábado, teve que ser adiada pelos fortes ventos que sopraram na região durante todo o fim de semana. Nesta segunda-feira, a aeronave partiu com 42 minutos de atraso por causa de um problema técnico, explicou Piccard.
– Uma mensagem política –
A volta ao mundo em 12 etapas é o resultado de 13 anos de pesquisas de Borschberg e Piccard, que além da façanha científica querem transmitir uma mensagem política.
“Queremos compartilhar nossa visão de um futuro limpo”, declarou Piccard, para quem esta missão deve contribuir para a luta contra o aquecimento global.
A ideia de voar apenas com energia solar foi, a princípio, motivo de piada na indústria aeronáutica.
Piccard, descendente de uma dinastia de cientistas-aventureiros suíços, deu a primeira volta ao mundo em um balão sem escala em 1999.
A aeronave está coberta com mais 17.000 células solares que cobrem asas de 72 metros e alimentam seus quatro motores elétricos de hélice.
Mas o SI2, concebido em fibra de carbono, não pesa mais de 2,5 toneladas, tanto quanto um jipe com tração nas quatro rodas, menos de 1% do peso do Airbus A380.
As células fotovoltaicas abastecem de energia os quatro motores elétricos, graças às baterias de lítio.
No total, o avião percorrerá 35.000 km a uma velocidade relativamente modesta (entre 50 e 100 km/h) e sobrevoará dois oceanos, Pacífico e Atlântico.
A viagem, a 8.500 metros de altitude no máximo, vai durar cinco meses, sendo 25 dias de voo efetivo, antes de aterrissar novamente em Abu Dhabi no final de julho ou início de agosto.
– Mianmar, China e Havaí –
Depois de Omã, os destinos seguintes serão Índia e Mianmar, antes da etapa mais longa do trajeto: cinco dias consecutivos de voo para apenas um piloto, que seguirá de Nanquim, na China, para o arquipélago americano do Havaí, no Pacífico.
Depois, o SI2 sobrevoará os Estados Unidos, com uma etapa em Nova York, antes de atravessar o Atlântico com uma escala prevista ou no sul da Europa ou no norte da África.
Embora meça apenas 3,8 m², a cabine de voo é confortável. O piloto não pode se mexer e deve fazer tudo sentado. “Fazemos nossas necessidades, nos lavamos com toalhinhas, comemos e bebemos” sentados, explica Piccard, de 57 anos.
“O assento pode se reclinar para descansar. Neste momento colocamos o avião em modo piloto automático, mas mantemos o controle do aparato e seguimos em contato com os controladores de voo” da missão em Mônaco, disse.
O público pode acompanhar a missão, com imagens da cabine e do centro de controle em Mônaco, no site solarimpulse.com.
Um total de 130 pessoas participam na aventura: 65 acompanharão os pilotos ao redor do mundo (para apoio logístico) e 65 permanecerão em Mônaco, no centro de controle da missão (meteorologistas, controladores aéreos e engenheiros).
O Solar Impulse 2 é o sucessor do primeiro protótipo, o Solar Impulse 1, que permitiu aos criadores realizar vários voos de longa duração na Europa e Marrocos. Também atravessaram os Estados Unidos em 2013, com várias escalas, em um avião do mesmo tipo.