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Caravana de apoio à candidatura invalidada de Evo Morales avança na Bolívia

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Uma caravana de carros e ônibus com apoiadores de Evo Morales avança em direção a La Paz nesta quinta-feira (15) para pressionar pela inscrição do ex-presidente como candidato para as eleições presidenciais de agosto, embora a Justiça tenha inabilitado sua candidatura.

Além do veto eleitoral, o líder indígena enfrenta uma ordem de prisão por uma acusação de tráfico de uma menor de idade durante seu mandato (2006–2019), acusações que ele nega.

Centenas de indígenas, camponeses e operários partiram de Cochabamba, no centro da Bolívia, em direção a La Paz, na véspera do ato que Morales pretende liderar nesta sexta-feira.

Nos últimos sete meses, o ex-presidente de 65 anos se refugiou em um pequeno povoado na região cocalera do Chapare, em Cochabamba, protegido por centenas de indígenas armados com paus para evitar sua prisão.

Nesta quinta-feira, a caravana em apoio a Morales partiu do pequeno povoado de Parotani, a 340 km de La Paz, segundo observou a AFP, mas ainda não se sabe se o ex-presidente acompanha o percurso ou se finalmente reaparecerá em público.

“Por sua segurança, por sua vida, não vamos informar se Evo está na frente, se Evo está atrás ou se está viajando por caminhos alternativos”, disse à imprensa o senador Leonardo Loza, colaborador próximo do líder cocalero.

Na partida, mais de uma centena de “evistas” se reuniu para percorrer os primeiros quilômetros a pé, gritando: “Fuzil, metralha, o povo não se cala”, sob o olhar de um contingente da polícia antimotim.

Cerca de vinte veículos numerados saíram do local. Na metade do trajeto, na localidade de Caracollo, somaram-se dezenas de ônibus e caminhonetes, segundo imagens divulgadas pela rádio Kawsachun Coca, o meio de comunicação de Morales.

“Vai ser uma grande caravana (…) no dia 16 nos inscrevemos, depois campanha, campanha”, disse o ex-presidente à AFP no fim de abril.

– Pela candidatura –

Morales busca seu quarto mandato nas eleições de 17 de agosto, decidido a ignorar os reiterados pronunciamentos da justiça constitucional que, desde 2023, limitam o número de mandatos presidenciais a dois.

A última confirmação desse impedimento foi emitida em uma decisão na quarta-feira, véspera da caravana.

“Denuncio ao mundo inteiro que magistrados de fato do Tribunal Constitucional Plurinacional (…) emitiram uma sentença que modifica” a Constituição, declarou Morales nesta quinta-feira por meio de um comunicado.

Seus seguidores esperam chegar na noite desta quinta-feira à cidade de El Alto e, no dia seguinte, pretendem iniciar uma marcha a pé até La Paz, sede da justiça eleitoral.

“[Vamos] exigir do Tribunal Supremo Eleitoral que, de acordo com a Constituição, não existe nenhum impedimento constitucional para a inscrição do nosso candidato”, declarou à AFP Omar Ramírez, representante do movimento Evo Pueblo.

O ex-presidente fundou essa organização após se separar neste ano das fileiras do partido governista devido à disputa com o presidente boliviano, Luis Arce. No entanto, o movimento ainda não tem reconhecimento legal.

O prazo para a inscrição de candidatos presidenciais termina em 19 de maio, mas apenas até 6 de junho a autoridade eleitoral definirá a lista definitiva dos postulantes, após revisar os requisitos legais.

Morales ainda não tem um partido político. Ele renunciou ao governista Movimento ao Socialismo, depois que a justiça entregou sua direção a uma cúpula aliada a Arce, que hoje se tornou seu principal adversário.

– Risco de prisão –

Diante da possibilidade de que Morales tenha deixado seu refúgio na região cocalera, o governo reiterou nesta quinta-feira que está em vigor uma ordem de prisão relacionada a um caso de tráfico de menor ocorrido quando ele era presidente, em 2015.

“A ordem de prisão, a acusação, o processo estão plenamente vigentes, estão em curso, e cabe à polícia executá-los assim que tiver condições para isso”, afirmou o ministro da Justiça, César Siles, em entrevista coletiva.

Ele não confirmou se a polícia tentará efetuar a prisão caso consiga localizar o ex-presidente.

Morales nega as acusações e acusa o governo de seu ex-aliado Luis Arce de usar a justiça com fins políticos.

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