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Documentário suíço está no Dockanema de Moçambique

Cartaz do 3° Dockanema, em Moçambique. Divulgação

Desta sexta-feira até 21 de setembro Maputo é palco da terceira edição do Festival do Filme Documentário Dockanema, uma resenha de alguns dos melhores documentários produzidos no mundo inteiro.

A Suíça está presente com um documentário – A lista de Carla – e uma co-produção suíça e italiana – Queremos as rosas também.

“Este ano decidimos estruturar o Festival à volta de um conceito, a memória, e da relação que se pode estabelecer entre o género documentário e essa noção de memória, que é individual e colectiva. Pensamos que o género documentário propõe reinterpretações dessa memória a partir de um ponto de vista de um Autor”, diz Pedro Pimenta, sobre a temática da 3ª edição do Festival do Filme Documentário, Dockanema, que acontece em Maputo de 12 a 21 de Setembro.

O Dockanema – dirigido por Pedro Pimenta – quer fornecer ao público moçambicano a oportunidade de ver filmes sobre alguns dos assuntos que constituem as grandes preocupações, as problemáticas dominantes do mundo de hoje. É um público que, pela força das circunstâncias, na maior parte do resto do ano não tem acesso a análises mais profundas sobre situações que, sendo de actualidade ou não, requerem uma abordagem menos superficial.

Visão mais aprofundada

“Procuramos todos os anos constituir parte da programação com temáticas que são recorrentes, são transversais, que existem no nosso quotidiano, tratadas por diversas formas e por outros meios, onde pensamos que o documentário representa uma mais valia, porque se permite o tempo de analisar melhor e de propor pontos de vista diferentes dos dominantes nos meios de comunicação de massas”, diz Pedro Pimenta.

O filme de abertura é Stranded, do realizador uruguaio Gonzalo Arijon, uma reconstrução com entrevistas aos sobreviventes do acidente de avião nos Andes em 1972.

Nesta edição do Festival, o destaque é para o documentário brasileiro a fim de mostrar o desenvolvimento em matéria de audiovisuais que tem acontecido no Brasil e na América Latina em geral, nos últimos anos.

“O Brasil conseguiu, através de iniciativas estruturantes, criar parcerias que começam a ter resultados muito positivos, entre o sector independente, o sector público e os diferentes canais de difusão. Essas parcerias têm permitido não só um aumento do volume da produção documental no Brasil e toda a América Latina, como ainda criar redes de entreajuda, de trocas de experiência e de difusão”, explica Pedro Pimenta.

Formação de jovens

Doze jovens moçambicanos participam na oficina de formação. “Ter 20 anos em Maputo”, para aprender as técnicas de produção do documentário.

O cinema moçambicano já foi referência internacional, sobretudo nos anos pós independência, quando grandes realizadores mundiais iam a Moçambique para participar do sonho da construção da nação moçambicana.

Com o tempo, as opções internas e os constrangimentos devidos às mudanças das políticas internacionais, o cinema moçambicano ficou agonizante. O circuito dos filmes não passa de algumas produções americanas, nas pouquíssimas salas ainda em funcionamento no país.

Dockanema propõe ainda contribuir para a memória como através da releitura do passado de Moçambique e de outros países, com a participação de grandes nomes do cinema africano como Gaston Kaboré, com o intuito de inspirar um engajamento dinâmico, regenerador e de restituição da memória.

Dá espaço a debates e mesas-redondas antes e depois as projecções dos 80 filmes em 8 salas na capital moçambicana e nos bairros periféricos. Em outubro Dockanema vai para Nampula, norte de Moçambique.

Participação suíça

Há uma pequena presença suíça com A Lista de Carla, do realizador suíço Marcel Schupbach, que conta o trabalho de Carla del Ponte, procuradora-geral no Tribunal Internacional de Haia; e a co-produção ítalo-suíça, Queremos as rosas também, da italiana Alina Marazzi, um documentário sobre as lutas de libertação das mulheres italianas.

Pedro Pimenta comenta a propósito: “A Suiça é um dos países europeus onde existe uma tradição do filme documentário interessante. Até agora não conseguimos abordá-lo com profundidade. É tudo uma questão de recursos, e talvez de desenvolver políticas de parcerias com festivais que nos permitam organizar mostras específicas, à volta da produção de um país. Faz parte da estratégia de desenvolvimento que esperamos poder levar a cabo nos próximos tempos.”

swissinfo, Paola Rolletta, Maputo

A terceira edição de DOCKANEMA – Festival do Filme Documentário de Moçambique – ocorre de 12 a 21 de setebro.

80 filmes serão projetados em 8 salas de Maputo. Em outubro, os filmes serâo exibidos em Nampula, norte de Moçambique.

O destaque desta terceira edição serão os documentários brasileiros.

Um documentário suíço – A Lista de Carla – de Marcel Schupbach e uma co-produção ítalo-suíça – Queremos também as Rosas – de Alina Marazzi, serão exibidos no DOCKANEMA.

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