Coalizão de esquerda francesa segue sem consenso sobre candidato a premiê

A coalizão de esquerda que venceu as eleições legislativas sem maioria absoluta na França continua sem chegar a um consenso para um candidato a primeiro-ministro. Socialistas, comunistas e ecologistas impulsionaram nesta segunda-feira (15) uma proposta “da sociedade civil”, ideia que já havia sido rejeitada pelo principal partido da aliança.
Mais de uma semana após o segundo turno das eleições legislativas antecipadas de 7 de julho, a Nova Frente Popular (NFP) – que inclui A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), ecologistas, comunistas e socialistas – precisa chegar a um nome de consenso antes que o novo parlamento inicie suas funções na quinta-feira.
Os maiores atritos ocorrem entre a LFI, o principal partido da aliança, e os socialistas, depois que essa coalizão heterogênea se uniu para enfrentar a extrema direita no segundo turno das eleições legislativas.
Para tentar avançar nas tensas negociações, socialistas, comunistas e ecologistas anunciaram nesta segunda-feira que chegaram a um acordo para propor “um candidato comum da sociedade civil”, conforme comunicado do Partido Socialista (PS), sem especificar o nome.
“Essa proposta foi apresentada à LFI e, com base nela, esperamos retomar imediatamente as discussões”, acrescentou o partido.
Várias fontes parlamentares afirmaram à AFP que se trata de Laurence Tubiana, acadêmica considerada uma das arquitetas dos Acordos do Clima de Paris, confirmando informações publicadas pela imprensa local.
A economista de 73 foi criticada por setores do LFI que a veem como próxima ao presidente Emmanuel Macron.
Este acordo foi anunciado após um dia marcado por duras recriminações entre a LFI e os socialistas, cujo líder, Olivier Faure, disse na semana passada que estava “disposto a assumir” como primeiro-ministro.
Procurado pela AFP, o coordenador da LFI, Manuel Bompard, declarou que seu partido não recebeu nenhuma proposta até o momento.
Já o PS lamentou, em comunicado, a decisão da LFI de abandonar as negociações, garantindo que “nunca teve a intenção de vetar sistematicamente” qualquer candidatura da coalizão.
Antes do anúncio, Bompard criticou “a oposição sistemática, os bloqueios, os vetos” do PS “a todas as candidaturas”.
Pela manhã, Faure propôs em declarações à emissora France 2 “ampliar” as perspectivas e considerar “alguém de fora”, mencionando a possibilidade de um candidato “da sociedade civil”.
A LFI rejeitou essa ideia, afirmando que não garante “a implementação do programa da Nova Frente Popular”.
Durante o fim de semana, os socialistas descartaram a proposta de LFI, ecologistas e comunistas de propor Huguette Bello, ex-deputada comunista de 73 anos e atual presidente do Conselho Regional da Ilha da Reunião, um território francês no Oceano Índico.
– Macron mexe suas peças –
A poucos dias do início da nova legislatura, o entorno do presidente Macron tem trabalhado para formar uma maioria alternativa, e um acordo com a direita poderia permitir que seu bloco supere a NFP em número de cadeiras.
A NFP ficou em primeiro lugar com pouco menos de 200 cadeiras no segundo turno, seguida pela aliança de centro-direita de Macron (160) e pelo partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados (143).
O presidente se reuniu nesta segunda-feira com os líderes dos partidos de sua aliança, e sua legenda, Renascimento, rebatizada como “Juntos pela República”, também realizou uma conferência, após escolher como líder o atual primeiro-ministro Gabriel Attal.
Attal, de 35 anos, apresentou sua renúncia a Macron após as eleições legislativas, mas o presidente pediu para ele continuar “por enquanto” para “garantir a estabilidade” da França às vésperas dos Jogos Olímpicos, que começam em 26 de julho.
Macron convocou o pleito antecipadamente após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.
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