Com voz cansada, papa Francisco agradece “de todo coração” as orações pela sua saúde

O papa Francisco agradeceu nesta quinta-feira (6) “de todo coração” as orações pela sua saúde que têm ocorrido todas as noites desde 24 de fevereiro na praça de São Pedro, no Vaticano, em uma mensagem de áudio com voz cansada e entrecortada.
“Agradeço de todo o coração pelas suas orações pela minha saúde desde a praça, acompanho vocês daqui. Que Deus os abençoe e que a Virgem os cuide. Obrigado”, diz em espanhol o jesuíta argentino de 88 anos.
O Vaticano divulgou esta mensagem de 30 segundos, gravada nesta quinta-feira, no início da oração do Rosário, que, desde 24 de fevereiro, é realizada na Praça de São Pedro, no Vaticano, ou dentro da basílica homônima, pela pronta recuperação do pontífice.
Em uma noite fria de final de inverno, as centenas de fiéis e cardeais presentes na monumental praça acolheram com aplausos a mensagem, na qual também se ouve a respiração entrecortada do “Santo Padre” dos católicos.
“Fiquei impactada ao ouvi-lo tão cansado”, afirmou à AFP Claudia Bianchi, uma fiel italiana de 50 anos. “Mas foi um sinal positivo. Dá esperança saber que ele ainda tem forças para falar e parece que sempre quer estar conosco”, acrescentou Alessandra Dalboni, de 53 anos.
John Maloney, um inglês de 76 anos, não esperava “ouvi-lo tão rapidamente”, considerando as notícias sobre sua saúde. “É um bom sinal que ele realmente seja capaz de falar”, acrescentou o homem, que está em Roma em peregrinação pelo Jubileu.
Pela primeira vez, o mundo ouviu a voz do líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos desde sua hospitalização na clínica Gemelli, em Roma, no dia 14 de fevereiro. Na terça-feira, foi publicado um vídeo com sua voz ao fundo, mas essa gravação havia sido feita semanas antes.
Francisco, que se recupera de uma pneumonia bilateral, também não fez aparições públicas nem foram divulgadas imagens suas. Em uma mensagem escrita no domingo, por ocasião do Ângelus, do qual se ausentou pela terceira semana consecutiva, ele já havia agradecido aos fiéis.
“Todos temos dúvidas sobre se o Papa está bem. Todos esperamos que ele esteja bem porque é uma figura importante para nós, mas temos essa dúvida. Não gostaríamos de ter essas dúvidas”, afirmou Angelo Belcastro, um italiano de 60 anos de férias em Roma.
– “Estável” –
Ao longo dos seus até agora 21 dias de hospitalização, a saúde do papa Francisco registrou altos e baixos. Mas, desde sua última crise respiratória, ocorrida na segunda-feira, ele não teve novas recaídas e seu estado se mantém estável.
“As condições clínicas do Santo Padre permaneceram estáveis em relação aos dias anteriores” e ele não teve novas crises, informou o Vaticano nesta quinta-feira, em seu último boletim médico. “Os médicos ainda mantêm o prognóstico reservado”, acrescentou.
O pontífice passou o dia alternando repouso, oração e um pouco de trabalho, além das sessões de fisioterapia respiratória e motora, acrescentou a Santa Sé. Durante a noite, uma máscara de oxigênio o ajuda a respirar, que é substituída por cânulas nasais de alto fluxo durante o dia.
Esta hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, gera preocupação devido aos problemas prévios que debilitaram a saúde de Jorge Bergoglio nos últimos anos: cirurgias no cólon e no abdômen, além de dificuldades para caminhar.
A situação também reabriu questionamentos sobre sua capacidade de desempenhar suas funções, sobretudo porque o direito canônico não prevê nenhuma disposição em caso de um problema grave que possa afetar sua lucidez.
Francisco, que nos últimos tempos descartou a ideia de renunciar ao cargo, como fez seu predecessor Bento XVI em 2013, ausentou-se na quarta-feira da principal missa de imposição das Cinzas, que marca o início da Quaresma.
Esse rito ativou a contagem regressiva de quarenta dias até a Páscoa, a festa mais importante do calendário católico. Por enquanto, não se sabe se o primeiro papa latino-americano ainda estará internado até lá.
“O Papa é um diferencial de Roma. Se ele não está aqui, se está doente, Roma fica faltando algo”, disse à AFP Aleyda Castillo, uma turista de 39 anos da cidade mexicana de Zacatecas.
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