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Começou a lavagem de roupa suja da seleção suíça

Umberto Barberis coloca os pontos nos "is" Keystone

Os dois co-organizadores da Euro 2008 foram eliminados no primeiro turno. Na Suíça havia ambições até mirabolantes e a decepção foi grande. As críticas começam a surgir. Só dois jogadores, Djouru e Yakin, mostraram-se insatisfeitos, mas outras vozes se pronunciam.

O técnico e ex-jogador Alain Geiger afirma que o técnico Köbi Khun se enganou. O também ex-jogador e técnico Humberto Barberis fala de fiasco.

A lavagem de roupa suja na seleção suíça começou timidamente com dois jogadores. O zagueiro Djouru não quis jogar contra Portugal e o atacante Yakin reclamou que o técnico Köbi Khun nunca confiou nele.

Em artigo publicado no jornal “Le Temps”, o ex-jogador Alain Geiger (112 seleções) e técnico, critica todo a comissão técnica e afirma que o debate sobre o futebol na Suíça “é muito consensual”.

O também ex-jogador e técnico Humberto Barberis se diz triste e irritado com o desempenho da Suíça. Na entrevista a seguir, ele fala de uma bela ocasião perdida e de fracasso monumental.

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swissinfo: Umberto Barberis, você parece atingido moralmente com o desempenho da seleção?

Umberto Barberis: Claro, é legítimo. Eu apenas constato. É a primeira vez – e talvez a última – que a Suíça organiza um Campeonato da Europa e é um fiasco esportivo. Não adianta esconder, mesmo se a organização é perfeita, para nós a Euro é perdida!

Em razão dos meios disponíveis e das declarações feitas antes da competição pelos jogadores, eu entendo que a população se sinta enganada. É somente na Suíça que uma federação e uma seleção nacional podem se satisfazer de um vitória contra Portugal B, num jogo que não valia nada. Eles ainda ousam cantar a primeira vitória na Eurocopa e simplesmente lamentar a eliminação. Parece piada. No estrangeiro todo mundo goza.

swissinfo: Tudo isso é erro do técnico Köbi Kuhn?

U.B.: Não, Köbi kuhn foi um bom jogador e sempre sentiu bem as coisas como treinador. A meu ver, ele é mais vítima do que culpado. Seu principal defeito é de não ter tido a coragem de se demitir no momento em que foi colocado sob tutela pelo Departamento Técnico da Associação Suíça de Futebol – ASF (entre do fim da Copa do Mundo de 2006 até o início da Euro).

Eu compreendo em parte porque ele pensava realmente sair com um “grande” resultado. Ele achava que sua equipe, bem mais fraca do que muitas outras, ia jogar com o coração para chegar às alturas. Ele cometeu erros, mas tinha as mãos amarradas.

No final, é ele – e em menor proporção o goleiro Pascal Zuberbühler – que levam flexadas (atiradas também por trás). Mais ou menos como em maio de 68, quando a polícia chegava só ficavam alguns para atirar pedras; todos os que alimentavam o movimento já tinham fugido.

swissinfo: De quem é a maior responsabilidade pelo fracasso?

U.B.: É o Departamento Técnico da ASF, quando dirigido por Hansruedi Hasler.
Foi esse Departamento que contratou um “manager” – o ex-jogador Adrian Knup – e uma armada de técnicos como Mario Comisetti, Bernard Challandes, Claude Ryf, Yves Débonnaires, Pierre-André Schürmann, Pierluigi Tami, Martin Trumpler e Heinz Moser.

Todos esses “doutores” repartiram entre eles os jogadores da seleção (cinco cada um) e foram visitá-los nos clubes várias vezes. Eles também encheram armários com pastas de anotações sobre os adversários da Suíça e até de equipes que a Suíça enfrentaria nas quartas-de-final e até mais longe.

Pior ainda, investimentos sem precedentes foram feitos em desenvolvimento e aplicação de uma bateria de testes elaborados por médicos, fisioterapeutas e especialistas em condição física do Centro de Macolin.

Cada jogador foi submetido ao um programa específico em seu clube e fez testes a cada mês.

Agora é o momento do balanço e das questões! O trabalho foi bem feito? Que resultado deram todas as pastas de anotações? As baterias de testes e o dinheirão gasto valeram a pena? O que fez realmente Adrian Knup, o homem invisível? Onde anda Stéphane Chapuisat, a figura suíça da Eurocopa?

Eu gostaria simplesmente de obter respostas e ver todos esses responsáveis assimirem suas responsabilidades. Houve abundância de recursos e de homens … para um resultado nulo. Até a Áustria (que só ganhou um ponto e a Suíça três) ficou mais tempo na competição.

Eu não estou dizendo que são todos nulos. Só tenho a impressão de que são mesmo …a menos que demonstrem o que fizeram! Então, ou eles mudam de política, ou coloquem os cargos em questão.

swissinfo: Isso vai mudar com a chegada de Ottmar Hitzfeld?

U.B.: Eu acho que sim. Eu o conheço bem e estou certo que vai rapidamente pedir que o Departamento Técnico da ASF que o deixe trabalhar e tomar conta das coisas importantes: seleções juniores em declínio e não cometer erros na naturalização de jovens talentos como foi o caso de Petric e de Rakitic, que hoje defendem as cores da Croácia.


Entrevista swissinto, Mathias Froidevaux

Nascido em 5 de junho de 1952 em Sion, cantão do Valais (sudoeste), Umberto Barberis foi comentarista de swissinfo nos jogos amistosos e nas partidas da Euro.

Meio-campo durante sua carreira de jogador, ele ganhou três Copas da Suíça (duas com o Servette de Genebra e uma com o Sion), dois campeonatos suíços (com o Servette), um campeonato francês (pelo Mônaco) e quatro Copas da Liga (com o Servette).

Em 1982, foi o melhor jogador estrangeiro do campeonato francês.

Jogou 54 vezes pela seleção suíça (7 gols).

É treinador desde o final dos anos 80 e traballhou em quatro clubes até agora: Lausanne-Sport, Sion, Servette e Baulmes.

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