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Cresce temor de resistência da malária a tratamentos na África

(Arquivo) Mosquito transmissor da malária afp_tickers

Pesquisadores divulgaram nesta quinta-feira a primeira “prova clínica” de que as mutações resistentes aos medicamentos contra o parasita responsável pela malária ganham terreno na África.

O estudo, feito com crianças de Ruanda, constata pela primeira vez que essas mutações fazem com que o parasita persista após três dias de tratamento, como já havia sido demonstrado no Sudeste Asiático, quando começou a surgir a resistência ao principal medicamento, artemisinina.

A eficácia dos fármacos permanece alta, mas deve-se aumentar a vigilância em Ruanda e nos países vizinhos, adverte o estudo, publicado na “The Lancet Infectious Diseases”.

A malária causou mais de 400 mil mortes no mundo em 2019, dois terços delas de menores de 5 anos. A grande maioria dos casos e mortes são registrados na África, segundo a OMS.

Os tratamentos a base de artemisinina combinados com outro fármaco (CTA/ACT) são os mais usados contra a malária, provocada por um parasita transmitido por mosquitos. A resistência aos medicamentos está associada a parasitas que portam mutações de um gene.

Algumas mutações já haviam sido detectadas em Ruanda, mas com menos frequência do que no novo estudo, e sem que houvesse sido demonstrada a persistência do parasita em crianças tratadas com artemisinina. A resistência ao medicamento foi identificada pela primeira vez no Camboja, em 2008.

Na região do Mekong, uma vez generalizada a resistência à artemisinina, com frequência ocorreu o mesmo com o fármaco associado, causando o fracasso do tratamento combinado (CTA). “A emergência de uma resistência parcial à artemisinina na África é um sinal de alerta de que a eficácia do CTA pode ser comprometida se surgir uma resistência ao fármaco associado”, advertem os pesquisadores.

O estudo foi feito com 224 crianças de 6 meses a 5 anos infectadas pelo parasita em três cidades de Ruanda. Elas foram tratadas por três dias com a combinação terapêutica mais comum e acompanhadas por um mês com amostras de sangue semanais. Cerca de 15% ainda portavam parasitas detectáveis três dias após o tratamento.

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