Os suíços são famosos pela sua precisão, pela sua gastronomia ou pela sua relojoaria, mas provavelmente não pelo seu humor. Mas a Suíça também tem suas próprias tradições quando se trata de fazer as pessoas rirem, e Martin Zimmermann estende os limites da comédia suíça convencional - como podemos ver em duas peças que ele traz agora para Zurique.
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Cineasta italiano cresceu no continente africano, mas hoje considera a Suíça o seu lar. Estudou direção de cinema na Escola Nacional de Cinema Italiano, trabalhou como editor e diretor e produtor de documentários em Berlim e Viena. Hoje integra o departamento de multimídia e oferece narrativas envolventes.
Nascido em São Paulo, Brasil, trabalha como jornalista na redação em português e responsável pela área de cultura da swissinfo.ch. Formado em cinema, administração de empresas e economia, trabalhou na Folha de S. Paulo, um dos maiores diários brasileiros, antes de se mudar para a Suíça em 2000 como correspondente internacional de vários meios de comunicação brasileiros. Baseado em Zurique, Simantob trabalhou com mídia impressa e digital, co-produções internacionais de documentários, artes visuais (3.a Bienal da Bahia; Museu Johann Jacobs/Zurique), e foi palestrante convidado sobre narrativas transmidiáticas (transmedia Storytelling, em inglês) na Universidade de Ciências Aplicadas de Lucerna (HSLU - Camera Arts, 2013-17).
Zimmermann não é apenas fiel a esta honrosa linhagem de palhaços suíços, dos quais Grock (1880-1959), Dimitri (1935-2016) e Gardi Hutter (nascida em 1953 e ainda bastante ativa) são alguns dos nomes mais notáveis. O performer, realizador, coreógrafo e cenógrafo de Zurique também mistura drama, tragédia, ironia, dança e acrobacia, transmitindo a sua mensagem numa linguagem universal ao público de Tóquio a Nova Iorque. Celebridades como Jean Paul Gaultier, Isabelle Huppert e Jane Birkin encontram-se entre seus fãs.
Zimmermann nasceu em 1970 e cresceu numa pequena cidade perto de Zurique, numa família de queijeiros. Mesmo quando criança, ele gostava de imitar os gestos das pessoas ao seu redor, especialmente de sua mãe. Mas, diz ele, levou “20 anos para sair do armário como clown (palhaço)”. Originalmente ele havia se formado como decorador de interiores. No entanto, essa experiência acabou sendo bem útil, pois ele também desenha seus próprios cenários para seus espetáculos.
O artista recebeu swissinfo.ch para uma conversa em seu estúdio enquanto preparava os shows previstos para este mês em Zurique (“Eins Zwei Drei”, 8-11 de novembro; e “Hallo”, 14-16 de novembro). A maior parte da conversa centrou-se no seu processo criativo, que também não tem nada de convencional.
Tendo em vista o modelos de grandes artistas como Charles Chaplin, Buster Keaton, Marcel Marceau e Federico Fellini (“apesar de dirigir filmes, atrás da câmera, ainda o considero um palhaço”, diz ele), Zimmermann se preocupa com o papel do palhaço no século 21. Ele diz que se sente parte dessa tradição, mas a cada nova peça ele se lança em contextos diferentes.
“A tradição [do palhaço] não mudou nada, mas a sua configuração mudou. É por isso que tento colocar os meus personagens em ambientes modernos, como o museu futurista desenhado para ‘Eins Zwei Drei'”.
Criatividade terapêutica
A principal parceira criativa de Zimmermann é uma psicóloga com quem ele começa a discutir temas amplos sobre sociedade, pessoas, sentimentos, etc., limitando-se a esboços que ele por fim traduz em linguagem corporal.
“Não me sinto confortável com as palavras”, confessa, “e não aprecio particularmente a comédia de stand-up, que se tornou bastante popular, talvez porque funciona bem na TV”. O palhaço é um elemento extremamente amplo – “e ele não é um personagem, o palhaço é uma silhueta com a qual espelhamos a sociedade”. O último punk, como ele o define: nós o amamos e o odiamos, ele nos incomoda e nos tira da zona de conforto.
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