Defesa Civil de Gaza anuncia 44 mortos em novos ataques israelenses

As equipes de emergência da Faixa de Gaza anunciaram nesta terça-feira (20) que pelo menos 44 pessoas morreram em bombardeios de Israel, que intensificou as operações militares nos últimos dias neste devastado território palestino.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou na segunda-feira que o objetivo é tomar o controle de todo o território onde, pela primeira vez após dois meses e meio de bloqueio, permitiu o acesso de ajuda humanitária por “razões diplomáticas”.
Seis caminhões com “suplementos nutricionais e leite infantil” entraram no território na segunda-feira, afirmaram à AFP duas fontes palestinas de empresas que participaram no transporte de ajuda.
A ONU informou que foi autorizada a permitir a entrada de “quase 100” caminhões de ajuda no território.
“Solicitamos e recebemos a aprovação de mais caminhões para entrar hoje, muito mais do que foram aprovados ontem”, confirmou Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
A campanha militar, no entanto, prossegue. Desde 1h00, os hospitais registraram “pelo menos 44 mortos, a maioria crianças e mulheres, assim como dezenas de feridos”, declarou à AFP o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal.
Oito vítimas foram registradas em um ataque contra uma escola que abrigava pessoas deslocadas na Cidade de Gaza e outras 12 em um bombardeio contra uma casa em Deir el Balah, no centro do território, explicou o porta-voz.
Quinze pessoas morreram em um bombardeio contra um posto de gasolina no campo de refugiados de Nuseirat e nove em um edifício no campo de Jabaliya.
O Exército israelense não fez comentários sobre os ataques de terça-feira.
A intensificação da ofensiva compromete “qualquer possibilidade de paz” em Gaza, denunciou nesta terça-feira o Catar, um dos mediadores, ao lado do Egito e dos Estados Unidos.
“Quando o soldado americano de origem israelense Edan Alexander foi libertado, nós pensamos que o caminho seria preparado para acabar com esta tragédia, mas a resposta foi uma onda de ataques ainda mais violentos”, lamentou o primeiro-ministro Mohammed ben Abderrahman Al Thani no Fórum Econômico do Catar.
– Primeira ajuda em dois meses –
A guerra começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque do movimento islamista palestino Hamas contra o sul de Israel, que deixou 1.218 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os islamistas também sequestraram 251 pessoas e 57 continuam em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
A campanha de represália militar de Israel matou pelo menos 53.486 pessoas, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas.
Israel retomou a ofensiva contra Gaza em 18 de março, após quase dois meses de trégua.
O conflito ficou ainda mais intenso desde então.
No início de maio, o governo israelense anunciou a convocação de dezenas de milhares de reservistas para uma ofensiva em Gaza. O gabinete de segurança do país aprovou na semana passada um plano para ampliar as operações militares em Gaza.
No fim de semana passado, o Exército anunciou uma nova operação para intensificar a ofensiva no território, tomar o controle de amplas áreas e derrotar o Hamas.
“Tomaremos o controle de todo o território da Faixa”, afirmou Netanyahu na segunda-feira. Ele também se comprometeu a aliviar a fome em Gaza “por razões diplomáticas”.
Após meses de denúncias da ONU e de organizações humanitárias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal aliado de Israel, criticou na semana passada o cenário de fome em Gaza.
Os “amigos” de Israel, argumentou Netanyahu na segunda-feira, disseram que não tolerariam “imagens de fome em massa”.
No mesmo dia, as autoridades israelenses anunciaram a entrada de cinco caminhões de ajuda humanitária da ONU em Gaza, os primeiros desde o início do bloqueio em 2 de março.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, disse que os pacotes são apenas “uma gota no oceano de tudo o que é urgentemente necessário” no território.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, também denunciou a situação.
“Há dois milhões de pessoas morrendo de fome em Gaza, apesar das toneladas de comida bloqueadas na fronteira”, destacou.
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