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Bombardeios israelenses deixam mais de 50 mortos em Gaza

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Ao menos 52 pessoas morreram, nesta segunda-feira (26), em bombardeios israelenses em Gaza, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu continuar com sua “missão” para trazer de volta os reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas, “os vivos e os mortos”.

Enquanto a ofensiva israelense no território palestino se intensifica, uma fonte do Hamas, no poder em Gaza, disse que o movimento islamista aceitou uma nova proposta de trégua do enviado dos EUA, Steve Witkoff, mas ele negou esta informação, segundo seu porta-voz.

A Defesa Civil de Gaza reportou que ao menos 33 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no bombardeio israelense desta segunda contra a escola Fami Aljerjawi, na Cidade de Gaza.

O exército israelense afirmou que havia “terroristas de alto perfil” na escola bombardeada e que “tomou muitas medidas para mitigar o risco de causar danos à população civil”.

Farah Nasser, uma deslocada originária de Beit Hanun, disse ter acordado com o bombardeio e descobriu com horror o “cheiro da morte, de queimado, enxofre e sangue”.

No hospital de Al Ahli, um grupo de mulheres chorava a morte dos parentes, enrolados em mortalhas brancas.

Em Jabaliya, no norte da Faixa, 19 pessoas morreram em um bombardeio israelense que atingiu uma residência familiar.

O Exército israelense informou, ainda, que detectou três projéteis lançados de Gaza, incluindo um que foi interceptado, nesta segunda-feira, quando Israel comemora o Dia de Jerusalém, que celebra a “reunificação” da cidade após a ocupação da parte leste da Cidade Santa, em 1967.

– “Não nos rendemos” –

Israel retomou a ofensiva em Gaza em meados de março, após romper uma trégua de quase dois meses. Em 17 de maio, o Exército intensificou suas operações, com o objetivo declarado de aniquilar o Hamas e libertar os reféns que permanecem em cativeiro.

“Se não conseguirmos hoje, conseguiremos amanhã, e se não for amanhã, então [será] depois de amanhã. Não nos rendemos (…) Temos a intenção de trazer todos de volta, os vivos e os mortos”, disse Netanyahu nesta segunda.

“Nossa missão [de vencer a guerra], inclusive a de trazer os reféns de volta, está conosco todos os dias e noites, e tampouco vamos renunciar a ela esta noite”, acrescentou.

Mais cedo, o premiê havia dito em um vídeo transmitido em seu canal no Telegram que esperava poder “anunciar algo” sobre os reféns “hoje ou amanhã”, sem dar detalhes.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que provocou a morte de 1.218 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em dados oficiais.

Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 57 permanecem cativas em Gaza. Destas, 34 teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Mais de 53.977 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva militar israelense, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.

– Nova proposta de trégua –

Uma fonte palestina disse que a proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada por Witkoff inclui “uma trégua de 70 dias em troca da libertação de dez reféns”.

Segundo outra fonte palestina, “dez reféns vivos serão libertados em troca de uma trégua de 70 dias, uma retirada parcial [israelense] de Gaza e a libertação de um grande número de prisioneiros palestinos”.

A ofensiva israelense se soma a um bloqueio que agravou a escassez de alimentos, água, combustível e medicamentos em Gaza.

Organizações humanitárias dizem que a pouca ajuda que Israel permitiu que entrasse nos últimos dias está muito abaixo das necessidades da população.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) afirmou que menos de 5% das terras agrícolas em Gaza são cultiváveis ou acessíveis, o que agrava ainda mais o risco de fome extrema no território.

A ofensiva israelense provocou uma onda crescente de indignação internacional e países aliados de Israel têm expressado críticas.

O chefe do governo da Alemanha, Friedrich Merz, declarou, nesta segunda-feira, que “não compreende qual é o objetivo do Exército” israelense e ameaçou deixar de apoiar o governo de Benjamin Netanyahu.

Mas a Alemanha continuará vendendo armas para Israel, disse seu ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, nesta segunda-feira, em resposta ao pedido da Espanha para que a UE imponha um embargo generalizado.

“É preciso interromper esta ofensiva militar, que não tem nenhum objetivo militar (…) a menos que o objetivo seja transformar Gaza em um enorme cemitério”, disse seu contraparte espanhol, José Manuel Albares, após um encontro entre os dois em Madri.

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