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Eleição pode mudar cenário político da Suíça

Confirmada a eleição, os novos ministros prestam o juramento no Parlamento. Keystone

A eleição dos novos membros do Conselho Federal, o grupo de ministros que governa a Suíça ocorre hoje. Os sociais-democratas e a maioria dos democratas-cristãos querem fazer tudo para impedir que Christoph Blocher, ministro da Justiça e líder da direita nacionalista, continue no poder.

A decisão será apertada e pode até colocar em risco o famoso consenso helvético. Na noite anterior, políticos de todos os partidos gastaram os últimos minutos nas negociações.

“Entre hoje à noite e amanhã iremos decidir a eleição de Christoph Blocher”, declarou de terça para quarta-feira o deputado social-democrata Christian Levrat. Seu partido (PS, na sigla em francês) e os democratas-cristãos (PDC) reúnem-se até os últimos minutos antes das votações no Parlamento Federal para definir sua estratégia.

O PS e os membros do Partido Verde sempre repetiram que não votariam de forma nenhuma em Christoph Blocher, a figura de proa da União Democrática Cristã, o partido da direita nacionalista e maior força parlamentar (27% dos votos na última eleição), e também atual ministro da Justiça e Polícia.

Para a esquerda, o principal objetivo é entrar em acordo para a denominação de um candidato que possa receber também o apoio dos democratas-cristãos, força política de peso. Estes querem recuperar o cargo perdido no governo federal, desde a defecção da ministra Ruth Metzler em 2003.

Coalizão contra a direita

A decisão da maioria formada pelas legendas PDC/Verdes liberais e PEV (deputados evangélicos) de não apoiar a reeleição de Blocher dá chances à constituição de uma coalizão para nomear um novo político ao mais importante grêmio de governo da Suíça. O desafio do grupo é não saber quantos democratas-cristãos apóiam esse cenário. No papel, a direita e os grupos de centro no Parlamento dispõem de 128 assentos dos 246 disponíveis.

“Oficialmente o PDC não apresentará um segundo representante para acompanhar a ministra da Economia, Doris Leuthard. Se o partido reivindicar um segundo assento no governo, ele deve aguardar a próxima vaga do partido no gabinete federal”, declara o chefe de fração Urs Schwaller.

O PDC não irá apoiar a candidatura de Luc Recordon, do Partido Verde. Os ecologistas, com 24 votos no Parlamento, ainda estão indecisos. Porém alguns dos seus representantes não escondem à imprensa que não teriam problema nenhum em apoiar um candidato do PDC.

UDC na oposição?

“Eu penso que a maioria dos colegas do meu partido que se recusam em votar à favor de Blocher poderão apoiar um outro candidato da UDC. Alguns poderão também votar simplesmente em branco”, analisa Schwaller.

Do seu lado, a UDC reitera a ameaça de passar para a oposição (ler matéria “Toda a imprensa está contra nós”) se um dos seus dois ministros no governo atual – Samuel Schmid ou Christoph Blocher – não forem reeleitos para o cargo.

Em caso de não eleição, os representantes da UDC já declararam que poderão apresentar seu candidato recusado contra outros ministros. O grupo de partidos de direita – UDC/Lega/UDF – apóia a fórmula atual do governo apenas na condição dos outros partidos votarem por seus candidatos.

“Tudo depende das declarações que fará o chefe parlamentar do PDC na manhã da quarta-feira frente à Assembléia Federal (reunião da Câmara dos Deputados e Senado)”, explica o parlamentar Caspar Baader, da UDC. Se o democrata-cristão repete que a maioria do seu grupo não apóia Christoph Blocher, a UDC poderá fazer o mesmo com Doris Leuthard. A UDC domina 71 votos contra 246.

Apóia radical à Blocher

Além do apoio do seu partido, Christoph Blocher pode contar com o de uma minoria do PDC e do grupo de parlamentares dos partidos liberais (PRD/Liberal), com 47 votos. Este último não mudou sua posição e devem reeleger os ministros que estão atualmente no poder.

Com relação à eleição da Chanceler Federal, um cargo mais executivo do que político, o PDC mostra claramente suas preferências pela candidata Corina Casanova. Outros dois no páreo são Nathalie Falcone (UDC) e Markus Seiler (Partido Radical) para substituir a atual Annemarie Huber-Hotz (Partido Radical).

swissinfo com agências

No protocolo das eleições do novo Conselho Federal (o gabinete de ministros), os deputados e senadores se reúnem no Conselho Nacional (Câmara dos Deputados).
Frente à Assembléia federal (a soma dos parlamentares, com 246 membros) se apresentam o Conselho Federal e a chanceler (cargo administrativo).
A manhã começa com a despedida desta, que se retira do serviço público. Logo, os ministros e a chanceler abandonam a sala.
Os diferentes partidos têm ainda a oportunidade de expressar sua opinião antes da eleição (ou reeleição) dos novos membros do governo federal, que é realizada individualmente (no total são sete ministros) e por ordem de antigüidade: Moritz Leuenberger (Transportes e Comunicação) é seguido por Pascal Couchepin (Interior), Samuel Schmid (Defesa), Micheline Calmy-Rey (Relações Exteriores), Christoph Blocher (Justiça e Polícia), Hans-Rudolf Merz (Finanças) e finalmente Doris Leuthard (Economia)
Após a eleição dos novos membros do gabinete federal, é eleita a nova (ou novo) chanceler.

O sistema de eleição do Conselho Federal garante a formação de um governo para a Suíça.
A eleição é feita para cada um dos cargos (no total de sete).
Elas começam por dois turnos, onde qualquer eleitor suíço pode se apresentar para substituir um ministro.
Teoricamente, o candidato só precisa ser um cidadão suíço com mais de 18 anos.
O número de candidatos não é limitado.
O primeiro que atingir a maioria absoluta é confirmado no corpo de ministros do Conselho Federal.
Se a maioria não for atingida, as votações continuam.
A partir da terceira rodada nenhum novo candidato é admitido e o que obtém o menor número de votos é eliminado.
A votação continua até que um dos candidatos chegue à maioria absoluta ou que reste apenas um.

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