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EUA anuncia financiamento de US$ 20 bilhões para a Argentina

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Os Estados Unidos acordaram uma linha de financiamento de 20 bilhões de dólares (R$ 107 bilhões) com a Argentina por meio de um swap (troca de moedas), e compraram pesos no mercado nesta quinta-feira (9), anunciou o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

“A Argentina enfrenta um momento de falta aguda de liquidez. A comunidade internacional, incluindo o FMI [Fundo Monetário Internacional], está unida em apoio à Argentina e à sua prudente estratégia fiscal, mas apenas os Estados Unidos podem agir rapidamente. E nós agiremos”, declarou Bessent na rede X, após quatro dias de negociações com seu par argentino, Luis Caputo. 

“Com esse objetivo, compramos hoje diretamente pesos argentinos”, explicou Bessent.

“Além disso, finalizamos um acordo de swap de moedas com o banco central argentino no valor de 20 bilhões de dólares”, acrescentou.

Em meio a uma crise política e financeira profunda, o presidente argentino, Javier Milei, fará uma visita à Casa Branca no próximo dia 14. 

“Juntos, como aliados próximos, construiremos um hemisfério de liberdade econômica e prosperidade”, reagiu Milei no X, onde elogiou o “melhor ministro da Economia de toda a história argentina”, referindo-se a Caputo.

– ‘Totalmente alinhado’ –

O FMI, que realizará sua assembleia de outono na próxima semana, tem um papel nesse pacote de ajuda financeira, que Bessent assegurou na semana passada que não se tratava de “um resgate”.

“O Fundo está totalmente alinhado ao apoio do programa econômico sólido do país”, reagiu sua diretora-gerente, Kristalina Georgieva. A Argentina já possui uma linha de crédito com o Fundo de 20 bilhões de dólares, acordada em abril.

A cotação do dólar se aproximava hoje do teto da banda de flutuação cambial, mas fechou em baixa, em 1.420 pesos, após a intervenção dos Estados Unidos, informou o veículo especializado Ámbito. Já as ações argentinas negociadas em Nova York dispararam, e os títulos subiram 8%.

Bessent descreveu um panorama econômico otimista para seu aliado do Cone Sul, apesar da pressão que a dívida argentina e sua moeda nacional enfrentam há semanas. “As políticas da Argentina, quando ancoradas na disciplina fiscal, são sólidas. Sua banda cambial continua sendo adequada”, afirmou em sua mensagem.

Bessent disse que, em suas conversas com Caputo, tranquilizou-se com “seu foco em alcançar uma liberdade econômica fiscalmente sólida por meio de impostos mais baixos, mais investimento, criação de empregos no setor privado e parceria com aliados”.

“À medida que a Argentina se livra do peso morto do Estado e deixa de gastar com inflação, grandes coisas são possíveis”, acrescentou. Mas também há interesses geopolíticos na ajuda financeira à Argentina, reconheceu Bessent.

– ‘Interesse estratégico’ –

“O sucesso da agenda de reformas da Argentina é de importância sistêmica, e uma Argentina forte e estável que ajude a ancorar um Hemisfério Ocidental próspero está no interesse estratégico dos Estados Unidos. Seu sucesso deveria ser uma prioridade bipartidária”, afirmou.

O governo Trump enfrenta a oposição de alguns legisladores democratas, que pediram explicações sobre uma ajuda financeira a um país que concorre com agricultores americanos em alguns setores, como o da soja.

Milei sofreu uma derrota legislativa provincial dolorosa no mês passado, que gerou a corrida cambial. O Banco Central foi obrigado a vender mais de US$ 1 bilhão em três dias para sustentar o peso, em uma situação de volatilidade financeira que persiste desde então.

Com as reservas enfraquecidas, espera-se que o anúncio de Bessent elimine a desconfiança dos mercados diante do desafio eleitoral que Milei terá em outubro.

jz/nn/val/mvv/am-lb/rpr-lb

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