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Expatriados buscam lugar na democracia

"Vocês são o melhor cartão de visita da Suíça", declarou a Conselheira Federal Doris Leuthard em discurso pronunciado aos suíços do estrangeiro. swissinfo.ch

O Congresso dos Suíços do Estrangeiro que terminou no sábado 27 reiterou a importância da democracia participativa para todos os suíços, inclusive os expatriados.

Reunidos em Lugano, na Suíça italiana, a comunidade de expatriados debateu, nesse fim-de-semana, diversos pontos referentes à democracia direta, um dos fundamentos mais preciosos da sociedade suíça, e sua aplicação em um contexto internacional.

Como todo ano, representantes da diáspora suíça, também chamada de “Quinta Suíça” em referência às quatro regiões linguísticas do país, fizeram o caminho de volta ao país de origem para debater, cada vez em uma cidade suíça diferente, questões de interesse da comunidade e maneiras de sensibilizar os compatriotas suíços aos problemas da diáspora.

Assim, mais de duzentos suíços e descendentes de suíços de todas as partes do globo se reuniram na luxuosa cidade de Lugano (sul) para debater o tema “Democracia direta no contexto internacional”.

A assembleia plenária do Congresso dos Suíços do Estrangeiro (CSE) abordou a significação e as implicações políticas do sistema de democracia direta. Uma mesa redonda organizada com especialistas e representantes políticos apresentou opiniões divergentes quanto ao exercício da democracia direta na Suíça e os limites impostos pelas leis internacionais.

O tema do congresso também atraiu um enxame de candidatos que disputarão em outubro uma vaga do Parlamento Suíço. Os milhares de eleitores suíços que moram no exterior formam um mel precioso para o pote dos partidos políticos.

Eleições legislativas federais

O país elege em outubro novos deputados federais e senadores, nesse contexto a Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSE), responsável pela realização do CSE, lembrou a importância do peso cada vez maior dos expatriados suíços.

Dos 700 mil suíços que vivem fora das fronteiras nacionais, 135 mil se inscreveram para poder exercer seus direitos políticos na Suíça.

Os expatriados podem votar nos referendos, iniciativas e plebiscitos típicos da democracia participativa da Suíça e também podem eleger seus representantes no parlamento.

Uma das questões que mais interessou o público presente no auditório do “Palazzo dei Congressi” de Lugano foi o acesso da comunidade ao chamado “voto eletrônico”, que na Suíça significa poder votar pela internet.

Metade dos cantões suíços já fizeram testes com o voto pela internet com eleitores expatriados. Quatro cantões vão introduzi-lo pela primeira vez nas eleições do fim do ano. Argau, Basileia, Grisões e St. Gallen possibilitarão assim que 22 mil eleitores suíços do estrangeiro beneficiem da tecnologia no exercício da cidadania.

Soberania com limites

O princípio de democracia participativa é muito antigo na Suíça e um dos valores fundadores da nação junto com as noções de federalismo e neutralidade.

Os expatriados suíços que vivem na União europeia, principalmente, se mostraram preocupados com as consequências internacionais das decisões tomadas pelo povo suíço.

Pois, como citado no encontro, votações que podem violar os direitos humanos, do tipo “proibição de minaretes”, vão de encontro ao direito internacional e põem em dúvida a soberania do povo.

Interpelado durante a mesa redonda organizada no evento, o professor Andreas Auer lembrou aos presentes que o povo é soberano, mas não onipotente e que os direitos humanos limitam a soberania, concluindo: “democracia direta sem limite não é democracia”.

Interesses distintos

A discussão gerada no auditório faz parte de um dos papeis do congresso, que é o de provocar a discussão entre expatriados, mídia e a população suíça sobre temas que tocam a Quinta Suíça.

O assunto interessou a maioria de suíços que vive na União Europeia, principalmente nos países limítrofes à Suíça.

No entanto, deixou meio indiferente outros que moram em regiões mais distantes, como a família Scherer, da Argentina: “na verdade, para nós o problema não é votar, mas em quem votar. Estamos muito longe das questões debatidas na Suíça e dos diferentes partidos”.

“E olhando de longe, não vemos muita diferença entre os candidatos”, conclui o Senhor Scherer, patriarca da família.

O assunto do encontro do ano que vem deve ser a questão da formação e abordará, provavelmente, a situação das escolas suíças do estrangeiro e a promoção da formação da diáspora na Suíça.

A OSE representa os suíços do estrangeiro e é reconhecida pelas autoridades como porta-voz da chamada “Quinta Suíça”.

O Conselho de Suíços do Estrangeiro (CSE) é considerado como o “parlamento” da “Quinta Suíça”. Ele se reúne duas vezes por ano: na primavera e no verão, por ocasião do congresso anual dos suíços do estrangeiro.

O congresso é a reunião anual da comunidade helvética no exterior. Aproximadamente 500 delegados debatem sobre os temas propostos e se informam sobre as atualidades da Suíça, trocam informações entre si e encontram representantes do governo federal. Visitas e outros programas culturais complementam o programa. O encontro de 2011 ocorre em Lugano (sul) entre os dias 26 a 28 de agosto.

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