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A moeda que ninguém quer

Os cofrinhos na Suíça já estão abarrotados de centavos. swissinfo.ch

A moeda dourada de cinco centavos – o menor valor metálico em circulação na Suíça – surgiu em 1981 para facilitar o pagamento das mercadorias.

Porém a moedinha está desaparecendo no fundo das gavetas e custa mais para ser fabricada do que seu próprio valor.

Os cinco “centimes”, como se diz na parte francesa, ou “rappen”, na parte alemã, é uma moedinha que reluz como se fosse ouro. De um lado está o número que indica o seu valor, o menor das moedas em circulação na Suíça, e do outro o rosto da Helvetia, a mulher-símbolo do país, ladeada pela inscrição em latim Confoederatio Helvetica (Confederação Helvética”.

“Muitas pessoas ficam contrariadas quando eu tento dar para ela o troco com essas moedinhas”, explica a caixa do supermercado Coop. “Para ser franca, as pessoas não querem recebê-las, pois não sabem como se livrar delas posteriormente”.

Máquinas automáticas de venda, telefones públicos, parquímetros e máquinas de lavar não aceitam as moedas. Nos bares, as pessoas têm vergonha de deixá-las no pires como gorjeta. O garçom poderia até ficar ofendido.

Quando a moeda surgiu durante o verão de 1981, as primeiras reações eram diferentes: muitas pessoas se espantavam de ver como a antiga moeda prateada estava agora reluzindo a ouro devido à adição de cobre. Porém os tempos mudaram.

“Hoje em dia o consumidor só a utilizam para a troca, e não mais como pagamento”, explica Kurt Rohrer, diretor da Swissmint, a casa da moeda suíça.

Ele conta que muitas dessas moedas “simplesmente desapareceram”, terminando seus dias nos cofrinhos das crianças ou nos armários, dentro de potes de geléia que só são descobertos anos depois, quando as pessoas mudam de apartamento ou casa.

De acordo com as estatísticas, uma entre cinco das quatro bilhões de moedas em circulação na Suíça é a douradinha de cinco centavos.

O problema é que as pessoas têm o hábito de “entesourar” as moedas em casa, retirando-as de circulação. Por isso a Swissmint é obrigada a cunhar novas.

Nonsense

Quase um terço das 32 milhões de moedas cunhadas no ano passado eram de cinco centavos, um fato que provoca enxaquecas nas autoridades.

– Será que faz sentido produzir algo que custa muito mais do que seu próprio valor? – se pergunta Rohrer.

A questão é justificável, pois a moeda de cinco centavos custa seis centavos para ser fabricada. Isso significa uma perda de 20% para os cofres públicos que, como todos sabem, não estão muito cheios.

Provavelmente os responsáveis pela casa da moeda suíça vão pedir ao governo que encerre com a carreira da moedinha dourada. Não se sabe, porém, se a medida é capaz de melhorar o estado das finanças públicas.

Apenas uma moeda foi retirada oficialmente de circulação desde a fundação da Suíça moderna em meados do século XIX: a de dois centavos, em 1974.

Perigo de remarcação de preços

A mais forte argumentação dos grupos contrários à retirada de circulação da moeda de cinco centavos diz que a medida pode aumentar artificialmente os preços na Suíça, já elevados para os padrões europeus.

Para Urs Plavec, funcionário do ministério suíça das Finanças, esse argumento não é válido, pois os varejistas não precisam modificar sua política de preços. “Eles podem incluir os cinco centavos neles e depois arredondá-los na hora do pagamento”.

A Finlândia e a Holanda são dois exemplos de países que adotaram essa medida. A Alemanha recusou a adotá-la.

Rohrer, da Swissmint, se mostra surpreso pela pouca reação do publico em relação à perspectiva de dias contados para a moeda de cinco centavos. “Apenas uma pessoa me perguntou o que ela fará com suas 1.200 moedas, coletadas nos últimos anos”.

Porém três anos ainda podem passar, até que o governo tome qualquer decisão de retirar as moedas de circulação.

Novas notas

Afora o debate sobre os cinco centavos, a casa da moeda helvética anunciou que está preparando a introdução de uma nova série de cédulas, cujo tema será “A Suíça aberta para o mundo”.

A mudança mais considerável está na focalização: elas não ilustrarão mais pessoas, invenções ou realizações. Doze artistas gráficos irão apresentar suas propostas até o final de outubro.

O Banco Central afirma que as notas devem retratar a Suíça como plataforma de diálogo, progresso, compromisso humanitário, experiências estimulantes de criatividade e procura de soluções práticas através das suas organizações.

Os atuais valores das cédulas de 10, 20, 50, 100, 200 e mil francos irão continuar, assim como suas cores específicas. Apenas o tamanho delas será reduzido levemente.

O Banco Central também não conseguiu resistir à tentação de mostrar que também colabora com os cortes de despesas públicas. Seu press-release sobre a introdução da nova moeda publica que “os custos poderão ser reduzidos na produção, empacotamento, armazenagem e transporte”.

swissinfo e NZZ

A atual moeda de cinco centavos, uma peça dourada, foi introduzida durante o verão de 1981.
Estima-se que 785 milhões delas estão em circulação.

Swissmint, a casa de moedas do governo suíço, deve pedir em breve a supressão da moeda de cinco centavos.

Além de ela ser impopular, seu custo de produção ultrapassa o valor marcado.

Porém representantes do ministério das Finanças consideram a medida “infeliz”, pois existe o perigo de aumento de preços.

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