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Forte recessão em 2009, lenta estabilização em 2010

Taxa de desemprego poderá atinger 5,2% em 2010, prevêem economistas. Keystone

A recessão global terá um impacto mais forte na Suíça do que previsto no final do ano passado, o que leva os sindicatos a pedir mais investimentos na economia.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá encolher 2,2% em 2009. E o desemprego poderá superar a marca dos 5% em 2010, segundo dados do governo.

Um prognóstico divulgado nesta terça-feira (17/03) pela Secretaria Federal de Economia (Seco) corrige para baixo a previsão de dezembro de 2008, que previa um recuo de apenas 0,8% do PIB.

“A perspectiva econômica sombria do final do ano passado piorou muito desde o início de 2009”, afirma o grupo de especialistas em sua análise conjuntural.

Uma queda de 2,2% do PIB seria a mais forte desde 1975, quando a economia suíça encolheu 6,7%. Mesmo durante a recessão dos anos de 1990, o PIB nunca caiu mais de 1%.

Com a correção dos dados, os economistas do governo confirmam tendências que já haviam sido apontadas nos prognósticos dos grandes bancos.

Segundo eles, a desaceleração econômica global observada desde o segundo semestre de 2008 provocou na Suíça uma forte queda das exportações, e a economia, “apesar das condições saudáveis do mercado interno, também entrou em recessão”.

Em comparação com outros países, a queda do PIB no quarto trimestre (-0,3% em relação ao 3° trimestre e –0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior) até foi suave, “mas isso não deverá continuar assim”.

Franco forte freou exportações

De acordo com dados do Departamento Federal de Estatísticas, nos últimos três meses de 2008, a produção industrial caiu 5,9% e as vendas recuaram 1,7% em comparação com o mesmo período em 2007.

O franco forte freou adicionamente o setor exportador. O Banco Central Suíço (SNB) reagiu e, na última quinta-feira (12/03), baixou em 25 pontos para 0,25% a taxa de juros de referência e, ao mesmo tempo, começou a comprar divisas estrangeiras (principalmente euro e dólar) para conter a alta do franco.

Também o consumo interno deverá diminuir em função da situação do mercado de trabalho. Os economistas prevêem que “a recessão também irá se refletir num forte aumento do desemprego”.

Para este ano, a Seco prevê uma taxa de desemprego de 3,8%. Em 2010, essa taxa poderá chegar a 5,2%, o que representaria – segundo estimativas – até mais de 200 mil desempregados (número igual ao registrado em 1997), embora, segundo a Seco, no que vem a economia deva se estabilizar progressivamente e voltar a crescer levemente (+0,1%).

Segundo uma previsão divulgada na semana passada pelo Instituto Econômico Suíço KOF da Universidade de Zurique, a taxa de desemprego poderá chegar a 4,3% em 2009.

Sindicatos pedem mais investimentos

A central sindical Travail Suisse conclamou o governo a realizar mais investimentos e reformas para combater a ameaça de aumento do desemprego.

O governo e o Parlamento suíços já aprovaram dois pacotes de investimentos e apoio à economia: o primeiro, em dezembro passado, no valor de 980 milhões de francos; o segundo, na semana passada, de 710 milhões.

A ministra da Economia, Doris Leuthard, disse nesta terça-feira que uma decisão sobre um possível terceiro pacote financeiro – reivindicado pela Travail Suisse e pela União Sindical Suíça (USS) – será tomada até junho, quando a situação econômica se tornar mais clara.

A USS pede um pacote de investimentos de 5 bilhões de francos, incluindo medidas na construção civil e na educação. Nos dois primeiros pacotes estariam incluídos 400 milhões para este fim. Segundo o sindicato, cerca de 4,5 bilhões poderiam ser investidos em creches e jardins de infância.

A entidade empresarial Economiesuisse classificou o terceiro pacote conjuntural sugerido pela USS como “irresponsável em termos de política financeira”. O efeito de medidas conjunturais na Suíça é limitado, escreveu a Economiesuisse em um comunicado.

A Travail Suisse também pede uma prorrogação do regime de trabalho que permite uma redução a carga horária mediante uma compensação parcial da perda salarial pelo Estado.

Em fevereiro, o governo aumentou a duração máxima desse regime para 18 meses (até o final de 2011), mas os sindicatos pedem mais seis meses. Junto com essa ampliação, eles propõem que as horas não trabalhadas sejam usadas para formação contínua dos trabalhadores, com financiamento partilhado entre os empregadores e o seguro-desemprego.

Além disso, os sindicatos reivindicam um reforço do seguro-desemprego, por exemplo, a ampliação de seu pagamento de 400 para 520 dias, como já foi praticado entre 1997 e 2003.

Segundo os sindicatos, os custos adicionais teriam de ser cobertos pelo governo federal. “É preciso impedir que a crise conjuntural provoque problemas estruturais”, argumentou a Travail Suisse.

swissinfo com agências

Dados oficiais divulgados em março mostram que PIB suíço encolheu no quarto trimestre (-0,3% em relação ao 3° trimestre e –0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior). Previsões anteriores apontavam um crescimento de 1,6% da economia em 2008.

Prognósticos para economia em 2009 e 2010:

Seco: -2,2% do PIB em 2009, +0,1% em 2010

Banco Nacional (Central) Suíço: -2,5% a –3% em 2009

UBS: -1,2% em 2009, 0,2% em 2010

Credit Suisse: -0,6% em 2009

BAK Basel Economics: -2,1% em 2009, 0,6% em 2010

OCDE: -0,2% em 2009, 1,6% em 2010

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