Fracassa tentativa da Colômbia de levar crise com Venezuela a chanceleres da OEA
A OEA rejeitou nesta segunda-feira o pedido da Colômbia para uma reunião especial de chanceleres sobre a crise diplomática entre Bogotá e Caracas provocada pelo êxodo forçado de milhares de colombianos do território venezuelano.
“Vamos continuar com nossas propostas (…). Isto está apenas começando”, disse o embaixador colombiano Andrés González após a votação.
A convocação da reunião extraordinária de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA), proposta pela chanceler colombiana, María Ángela Holguín, obteve 17 votos, um a menos que o necessário.
O pedido foi apoiado por Uruguai, Estados Unidos, Chile e México, entre outros, e rejeitado por Equador, Haiti, Bolívia e Nicarágua.
Outros onze países se abstiveram, incluindo Panamá, que insiste em mediar a crise.
Holguín reagiu dizendo que é preciso rever o papel da OEA, porque não tem sentido “se não é capaz sequer de servir de fórum sobre um tema como violação dos direitos humanos, um tema que interessa a toda a região…”.
Segundo a chanceler colombiana, com a decisão de não convocar os ministros das Relações Exteriores “quem perdeu foi o continente, perdeu a OEA por não haver um debate tão importante”.
Durante a reunião – de mais de três horas – na sede da OEA em Washington, Colômbia e Venezuela expressaram pontos opostos sobre a situação na fronteira.
A Colômbia pediu uma “rápida ação” da OEA para resolver a crise diplomática envolvendo o êxodo forçado de milhares de colombianos do território venezuelano.
“Trata-se de uma situação humanitária grave, complexa e que requer uma rápida reação, expressão e atitude de todos nossos países americanos”, declarou o embaixador colombiano diante da OEA, Andrés González.
O embaixador venezuelano, Roy Chaderton, defendeu diante da OEA a decisão “democrática” de seu governo de fechar a fronteira com a Colômbia e deportar colombianos, e expressou sua “suspeita” de que a reação de Bogotá corresponde a interesses eleitorais, prévia às eleições locais em outubro.
“Algo pode parecer suspeito pela magnitude do escândalo que foi feito sobre uma decisão soberana do governo da Venezuela”, disse Chaderton.
Para o diplomata, a verdadeira “crise humanitária é a que produziu o êxodo de cinco milhões e meio de colombianos” que cruzaram durante anos a Venezuela fugindo do conflito armado em seu país.
A discussão na OEA constitui o primeiro passo para levar a crise binacional ao terreno dos organismos multilaterais regionais.
A reunião dos chanceleres da Unasul para tratar da crise, anunciada por Bogotá para esta quinta-feira, em Quito, foi adiada, a princípio para o dia 8 de setembro.
O encontro “não será no dia 3 (de setembro), e está ciente a presidência temporária” da União das Nações Sul-Americana (Unasul), que exerce no Uruguai, disse à imprensa Xavier Lasso, chanceler encarregado do Equador
Lasso justificou o adiamento porque no início de setembro a chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, estará em visita oficial na China e no Vietnã.
“Vamos ver se a Colômbia aceita o dia 8 (de setembro). O que está claro é que o dia 3 não é possível”, informou o chanceler.
Holguín comentou o adiamento afirmando que “vamos avaliar se vale à pena e se justifica ir à Unasul”.
Segundo números do governo colombiano, as autoridades venezuelanas deportaram cerca de mil de seus compatriotas e mais de 6.000 voltaram a seu país voluntariamente por medo de serem expulsos à força, ficarem separados de sua família e perderem seus pertences.
A tensão entre Bogotá e Caracas começou em 19 de agosto com o fechamento de alguns pontos fronteiriços pelo presidente Nicolás Maduro após um ataque de desconhecidos a militares venezuelanos, que o governo da Venezuela atribui a “paramilitares colombianos”.
A crise se aprofundou mais na quinta-feira passada, quando ambos países chamaram para consultas seus embaixadores.
Na sexta-feira Maduro ampliou um estado de exceção par a dez municípios da zona fronteiriça “para limpar o paramilitarismo, a criminalidade, o contrabando, os sequestros e o narcotráfico”.
Segundo González, entre os refugiados encontram-se “mais de 244 meninos e meninas. Não são paramilitares”, afirmou.