Perspectivas suíças em 10 idiomas

Há excesso de gordura “trans” nos alimentos

Produtos feitos com massa folhada podem conter grande quantidade de gordura saturada. Keystone

Dois cientistas da Politécnica de Zurique alertam: comemos gordura "trans" em demasia e elas fazem mal à saúde.

Os cientistas estiveram reunidos com representes da indústria alimentar e as autoridades sanitárias e pedem que essas substâncias sejam declaradas e reduzidas nos alimentos.

Os ácidos graxos “trans” ainda são pouco conhecidos do grande público, muito menos sob a sigla inglesa de TFA. No entanto, nós os comemos muito e, mesmo em pequenas quantidades, eles fazem mal ao nosso organismo pois favorecem a concentração do colesteral ruim, aquele que entope os vasos sangüíneos.

Desde fevereiro de 2006, Paolo Colombine e Martin Scheeder, da Escola Politécnica Federal de Zurique (EPFZ), trabalham no estudo «TranSwissPilot», com o apoio da Secretaria Federal de Saúde Pública (OFSP). Eles examinaram 120 alimentos consumidos freqüentemente para detectar os TFA.

É certo que esses ácidos graxos existem em pequenas quantidades na natureza. O problema é que a indústria alimentar produz artificialmente em quantidades bem mais maiores, principalmente no processo de hidrogenação em que o óleo líquido é transformado em gordura sólida.

Por toda a parte

Os dois pesquisadores constataram mais de 8% de gorduras em certos produtos à base de massa folhada, inclusive as TFA, as gorduras “trans”. Em certas catagorias de alimentos, essas taxas podem variar entre quase nada e 19 ou 20%!

Com exceção das margarinas, os produtos para o café da manhã (ou o pequeno almoço, em Portugal) e os óleos vegetais fabricados com um único oleaginoso, o teor de TFA varia de fraco a muito alto em todos os produtos analisados.

Paolo Colombani e Martin Scheeder deduzem que não é possível generalizar e dizer que tal ou tal grupo de produtos contém mais ou menos ácidos do que outro.

O exemplo da Dinamarca

No entanto, nem a Suíça nem a União Européia fixaram limites ou obrigatoriedade de declarar a presença das TFA.

A única exceção é a Dinamarca, que fixa o limite de 2% de gordura nos alimentos e tenta sensibilizar os outros países da UE.

Paolo Colombani é consciente que esses valores constituem uma restrição comercial mas sublinha que a obrigatoriedade de declaração já existe nos Estados Unidos, Canadá e certos países latino-americanos.

Medidas a serem tomadas

Segundo os dois cientistas da EPFZ, as fortes variações que encontram nas pesquisas provam que a taxa de TFA nos alimentos não é uma fatalidade.

Terça-feira eles estiveram reunidos com representantes da indústria alimentar e da Secretaria Federal de Saúde Pública (OFSP) para explicar as medidas possíveis. As duas maiores redes de supermercados do país (Migros e Coop) decidiram aplicar o mesmo limite da Dinamarca, ou seja, 2%.

A OFSP lembra que comendo diariamente frutas e legumes, renunciando, por exemplo, às frituras, os consumidores absorvem pouco TFA.

swissinfo com agências

Também chamados TFA, conforme a denominação inglesa Trans Fatty Acids, eles são produzidos por:

– hydrogénação (solidificação) de óleos vegetais, inclusive na margarina;
– aquecimento a alta temperatura de óleos, gordura e alimentos contento ácidos graxos insaturados. Encontra-se então as TFA em produtos como bolachas, doces, cereais usados no café da manhã (pequeno almoço) e nas batatas fritas.

As TFA tem efeitos nefastos sobre as taxas de gordura no sangue e aumentam, assim, o risco de doenças cardio-vasculares devido o entupimento dos vasos sangüíneos.

A Secretaria Federal de Saúde Pública recomenda absorver o mínimo possível. Portanto, é preferível não consumir muitos alimentos fritos, salgadinhos, bolachas, doces, derivados do leite concentrados, carne de boi ou de cordeiro, ricos em gordura.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch

Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!

Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR