Médicos suíços desenvolvem implante inovador para a medula espinhal
Um implante desenvolvido como resultado de pesquisas realizadas na Suíça melhora consideravelmente as condições de vida das pessoas com lesões na medula espinhal, afirmam os médicos responsáveis por essa inovação. O implante trata a hipotensão crônica que afeta esses pacientes.
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A falta de regulação da pressão arterial é uma das consequências invisíveis da paralisia, explicam o professor de neurociência Grégoire Courtine, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), e Jocelyne Bloch, neurocirurgiã do Hospital Universitário de Lausanne, que também leciona na Universidade de Lausanne.
Em pessoas com lesão medular, o sinal do cérebro que deveria contrair os vasos sanguíneos não chega mais, porque os neurônios que precisam ser ativados não são mais ativados. O novo dispositivo permite que o contato seja restabelecido, estimulando as células nervosas responsáveis pelo controle da tensão.
Para desenvolver tal implante, os pesquisadores primeiro tiveram que identificar toda a arquitetura neuronal da medula espinhal responsável pelo aumento descontrolado da pressão arterial. Esta é uma área muito específica. O estudo foi publicado na revista Nature.
A equipe de Courtine e Bloch então projetou um sistema implantável capaz de atingir essa área específica da medula espinhal por estimulação elétrica, prevenindo assim a hipotensão crônica que afeta pessoas que sofrem de paralisia. Este sistema é apresentado na Nature Medicine.
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O implante consiste em uma rede de eletrodos na forma de uma pequena placa retangular. Essa placa é conectada por fios a uma caixa do tamanho de um marcapasso. A placa é colocada na medula espinhal e a caixa é inserida sob a pele do abdômen.
Testes bem-sucedidos
Ao enviar estímulos elétricos, o dispositivo é capaz de estabilizar a pressão arterial por meio de “neuromodulação direcionada”. Até o momento, ele foi testado com sucesso em 14 pessoas em quatro ensaios clínicos realizados na Suíça, na Holanda e no Canadá.
Este implante promete melhorar consideravelmente a vida das pessoas que sofrem de lesões na medula espinhal. A hipotensão crônica pode ser muito debilitante. Ela causa fadiga severa e dores de cabeça. Quem sofre com isso fica com uma espécie de névoa no cérebro.
A incapacidade do corpo de regular a pressão arterial também significa que é preciso um grande esforço para sentar-se em uma cadeira de rodas. Foi o que aconteceu com Julie, de 26 anos. A jovem, que sofreu uma lesão na medula espinhal, precisava ficar acamada a maior parte do tempo.
Hoje, graças ao implante, “sua vida mudou completamente”, diz ela. Ela, que costumava vegetar durante o dia, conseguiu retomar seus estudos na universidade. Daniel, outro paciente, conseguiu retomar o esqui alpino sentado, um prazer indescritível para este entusiasta de esportes de inverno de 76 anos.
Adaptação: Fernando Hirschy
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