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Israel e Hamas se enfrentam no maior hospital de Gaza

O Exército de Israel afirmou nesta segunda-feira (18) que matou dezenas de combatentes do Hamas e prendeu mais de 200 pessoas durante uma operação no maior hospital da Faixa de Gaza e em seus arredores, o que obrigou centenas de civis palestinos a fugir dos bombardeios.

A operação no hospital Al-Shifa, em Gaza, ocorreu paralelamente aos esforços por uma trégua na guerra entre Israel e o Hamas, que começou há mais de cinco meses.

O diretor do serviço de inteligência israelense, o primeiro-ministro do Catar e funcionários de alto escalão do governo do Egito devem se reunir em Doha para dar prosseguimento às negociações, informou uma fonte que acompanha as conversas.

A guerra começou em 7 de outubro, com o ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, onde os combatentes do grupo assassinaram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em números divulgados pela autoridades israelenses.

Os islamistas também sequestraram cerca de 250 pessoas. Israel afirma que 130 continuam retidas em Gaza, das quais 33 teriam morrido. Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, que considera uma organização terrorista.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, território palestino governado pelo movimento islamista, afirma que a ofensiva israelense já matou 31.726 pessoas.

“Durante a operação, prendemos mais de 200 suspeitos de terrorismo, que estão sendo investigados”, informou na TV o porta-voz militar israelense, Daniel Hagari. “Eliminamos mais de 20 terroristas dentro do complexo hospitalar”, e outros 20 nos arredores do hospital, acrescentou.

Segundo Hagari, os soldados israelenses prosseguem nesta noite com as operações dentro do complexo hospitalar.

– ‘Cemitério a céu aberto’ –

Autoridades israelenses afirmaram que um dirigente do Hamas identificado como Fayq al-Mabhouh foi morto na incursão, o que foi confirmado por uma fonte da polícia de Gaza. Al-Mabhouh é comandante da polícia de Gaza e irmão de Mahmoud Al-Mabhouh, um dos fundadores do braço armado do Hamas, segundo seu entorno.

Os Estados Unidos também confirmaram a morte do número 3 do Hamas, Marwan Isa, “em uma operação israelense na semana passada”.

Os combates começaram durante a madrugada nas imediações do hospital, onde o Exército efetuou uma operação em 15 de novembro e onde milhares de civis estão refugiados.

Colunas de fumaça preta envolveram algumas áreas da cidade após os bombardeios, segundo imagens da AFP. Também era possível ver palestinos fugindo a pé em ruas repletas de escombros e feridos no chão.

Um jornalista da AFP foi testemunha dos bombardeios e viu “centenas de pessoas, a maioria crianças, mulheres e idosos, fugindo de suas casas”. O Exército acusa o Hamas de usar as instalações dos hospitais como centros de comando.

A ONU advertiu que menos de um terço dos hospitais do território sitiado estão funcionando. “Antes da guerra, Gaza era a maior prisão a céu aberto. Agora é o maior cemitério a céu aberto”, lamentou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

À situação dos hospitais se soma a falta de alimentos. Um relatório respaldado pela ONU afirma que quase 1,1 milhão de palestinos enfrentam o nível mais grave de insegurança alimentar.

“A fome é iminente nas províncias do norte e deve ocorrer até maio se medidas urgentes não forem tomadas”, indicou a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (CIF).

– Invadir Rafah seria ‘um erro’ –

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que o informe mostra “a necessidade de um cessar-fogo humanitário imediato” e denunciou “um desastre provocado totalmente pelo homem”. O chanceler israelense, Israel Katz, alegou que seu país “autoriza uma grande ajuda humanitária para Gaza, por terra, ar e mar”. 

Diante da intransigência das duas partes, os mediadores internacionais – Estados Unidos, Catar e Egito – tentam alcançar uma nova trégua, similar à do fim de novembro. O movimento islamita informou que está disposto a aceitar um cessar-fogo de seis semanas e a libertar 42 reféns israelenses em troca da liberação de 20 a 50 palestinos por refém.

“Aceitamos uma retirada parcial da Faixa de Gaza antes de qualquer troca e, após a primeira fase, uma retirada completa”, afirmou Osama Hamdan, funcionário de alto escalão do Hamas.

Em Rafah, cidade do extremo sul, os quase 1,5 milhão de palestinos aglomerados, segundo as Nações Unidas, vivem sob a ameaça de uma ofensiva terrestre.

Netanyahu falou por telefone com o presidente americano, Joe Biden, pela primeira vez em mais de um mês, e indicou que estava determinado a cumprir com “todos os objetivos da guerra”, inclusive “eliminar o Hamas”, segundo um comunicado de seu gabinete.

Biden tem se mostrado cada vez mais crítico do número de mortos palestinos e da situação humanitária no território. Uma ofensiva em Rafah “seria um erro” e “isolaria mais Israel a nível internacional”, declarou o democrata, pedindo o encontro de “uma alternativa”, segundo a Casa Branca.

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