Israel intensifica ofensiva em Gaza para derrotar o Hamas

O Exército israelense anunciou neste sábado (17) uma nova operação com “extensos bombardeios” para derrotar o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza, onde os socorristas relataram pelo menos 32 mortos.
Apesar da enxurrada de críticas internacionais, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu nesta semana que seu exército entraria “com toda a sua força” em Gaza para “destruir o Hamas”, que desencadeou a guerra com seu ataque de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel.
Neste sábado, o exército anunciou ter lançado “extensos bombardeios” com o objetivo de “tomar o controle de áreas da Faixa de Gaza”. Tudo isso no âmbito do plano destinado a “conquistar” o território palestino, o que exigirá o deslocamento interno da “maioria” dos seus 2,4 milhões de habitantes.
Desde quarta-feira, mais de 300 palestinos morreram nos bombardeios israelenses, segundo a Defesa Civil de Gaza.
Após quase dois meses de trégua, o exército israelense retomou em meados de março suas operações em Gaza. Desde o início desse mês, as autoridades israelenses também bloqueiam o acesso de toda ajuda humanitária ao enclave.
O Hamas afirmou neste sábado que o movimento iniciou uma nova rodada de negociações indiretas “sem pré-condições” no Catar para encontrar uma saída para a guerra.
E, em uma nova ligação telefônica, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, discutiu com Netanyahu “a situação em Gaza e seus esforços conjuntos para conseguir a libertação de todos os reféns” que ainda estão detidos pelo Hamas, segundo o Departamento de Estado.
– “Redobrar” a pressão sobre Israel –
Os apelos para pressionar Israel continuaram neste sábado durante uma cúpula da Liga Árabe em Bagdá.
Na capital iraquiana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a necessidade de “um cessar-fogo permanente, agora”.
Na mesma linha, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, convidado de honra na cúpula, pediu para “redobrarmos nossa pressão sobre Israel para parar o massacre em Gaza”.
Sánchez indicou que a Espanha promoverá uma “proposta” na ONU “para que a Corte Internacional de Justiça se pronuncie sobre o cumprimento por parte de Israel de suas obrigações internacionais, em relação ao acesso da ajuda humanitária a Gaza”.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, instou Trump a “pressionar” a favor de um cessar-fogo em Gaza. Se isso for alcançado, acrescentou, seria possível então “lançar um processo político sério”, do qual Trump seria “mediador e patrocinador”.
Por sua vez, na declaração final da cúpula da Liga Árabe, os dirigentes pediram financiamento para a reconstrução de Gaza e exigiram mais pressão internacional para “parar o derramamento de sangue” no território palestino.
Na sexta-feira, Trump afirmou que os Estados Unidos estão preocupados com a situação na Faixa.
“Estamos de olho em Gaza. E vamos cuidar disso. Há muita gente passando fome”, disse ao encerrar uma turnê pelos países do Golfo.
Mas o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, importante aliado do Hamas, mostrou-se neste sábado desdenhoso com essa promessa e afirmou que os Estados Unidos apenas usam “seu poder para apoiar o massacre em Gaza”.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também se somou aos apelos internacionais e declarou-se “chocado” com a situação em Gaza.
Em Londres e Paris, milhares de pessoas se manifestaram em solidariedade com Gaza.
Na Basileia, cidade suíça onde ocorre neste sábado a final do festival Eurovision, marcada pela polêmica participação de Israel, ocorreram breves confrontos entre manifestantes pró-Palestina e a polícia.
– Uma situação “catastrófica” –
Os intensos bombardeios israelenses causaram centenas de mortes em Gaza nos últimos dias: pelo menos 100 vítimas na sexta-feira, cerca de 120 na quinta e outras 80 na quarta, segundo a Defesa Civil de Gaza.
A organização informou que outras 32 pessoas morreram neste sábado nos bombardeios, em sua maioria mulheres e crianças.
Segundo Marwan Sultan, diretor do Hospital Indonésio, no norte da Faixa de Gaza, a situação é “trágica e catastrófica”.
“As salas de cirurgia e as unidades de terapia intensiva estão completamente lotadas e não podemos receber mais casos críticos”, afirmou.
O ataque de 7 de outubro resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelense, em sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.
As milícias islamistas também sequestraram em Israel 251 pessoas. Destas, 57 continuam cativas em Gaza, embora 34 tenham sido declaradas mortas pelo exército israelense.
A campanha de represália de Israel em Gaza provocou mais de 53.272 mortos, também majoritariamente civis, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
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