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Israel prossegue com bombardeios em Gaza

O exército israelense voltou a bombardear a Faixa de Gaza nesta quinta-feira (18) na guerra que trava contra o movimento islamista Hamas, enquanto potências ocidentais anunciavam sanções ao Irã por seu ataque recente a Israel, em uma região “à beira do precipício”, segundo a ONU.

As sanções de Estados Unidos e Reino Unido terão como alvo “o programa de drones, a indústria siderúrgica e as montadoras do Irã”, informou o Departamento do Tesouro americano.

O presidente americano, Joe Biden, espera que as medidas permitam que a República Islâmica, aliada do Hamas, “preste contas”.

A União Europeia impôs sanções na quarta, após o ataque do último fim de semana contra Israel com drones e mísseis no fim de semana.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou hoje perante o Conselho de Segurança que “o Oriente Médio está à beira do abismo” após uma escalada perigosa naquela região, e denunciou o que chamou de “inferno humanitário para os civis” na Faixa de Gaza.

Ao menos 33.970 morreram desde o início da ofensiva israelense, há mais de seis meses, segundo o ministério de Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.

O conflito começou em 7 de outubro com um ataque de milicianos islamistas, que assassinaram 1.170 pessoas no sul de Israel e sequestraram quase 250, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.

Após uma troca de reféns por presos palestinos durante a trégua de uma semana no fim de novembro, 129 pessoas continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que teriam sido mortas, segundo as autoridades israelenses.

– Restos mortais “despedaçados” –

Testemunhas relataram novos bombardeios na última noite em Khan Yunis e Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

“Recuperamos os restos de 12 pessoas” em meio aos escombros de uma casa atingida, disse Abdeljabar al-Arja em Rafah, cidade onde estão aglomeradas 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocada pela guerra. “Havia mulheres e crianças, encontramos braços e pés. Foram todos despedaçados. É horrível”.

Os bombardeios também atingiram o campo de Al-Mawasi, perto de Rafah, onde há milhares de barracas de campanha para pessoas deslocadas.

O Exército de Israel informou, por sua vez, que atacou nas últimas horas dezenas de alvos em Gaza, incluindo “terroristas, postos de observação e estruturas militares”.

António Guterres ressaltou que 2 milhões de palestinos sofrem com “a morte, destruição e negação de ajuda humanitária vital”, e reiterou seu pedido por um cessar-fogo imediato e pela libertação de todos os reféns.

As negociações indiretas sobre uma trégua em Gaza, vinculada à libertação dos reféns, estão estagnadas há meses, e Israel e Hamas se acusam mutuamente de bloqueá-las.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem como meta a destruição do Hamas e está decidido a lançar uma ofensiva terrestre contra Rafah, que descreve como último grande reduto do movimento islamita.

– “À beira de uma guerra” –

O conflito em Gaza levou à retomada do debate sobre a necessidade de criação de um Estado Palestino. 

O Conselho de Segurança da ONU votará até amanhã o pedido dos palestinos para se tornarem um membro de pleno direito das Nações Unidas.

A iniciativa deve esbarrar no veto dos Estados Unidos, que consideram que a ONU não é o local ideal para o reconhecimento, e sim um acordo com Israel.

O conflito na Faixa de Gaza também aumentou a tensão regional, com Israel e seus aliados (como os Estados Unidos) de um lado e o Hamas e seus apoiadores (como o Irã e o grupo Hezbollah) do outro.

“Estamos à beira de uma guerra no Oriente Médio que vai abalar o restante do mundo”, advertiu o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Israel insiste em sua determinação de responder ao ataque de sábado do Irã, apesar de quase todos os 350 drones e mísseis lançados pela República Islâmica terem sido interceptados, com a ajuda de Estados Unidos e outros países.

Teerã afirmou que executou o ataque em represália ao bombardeio de seu consulado em Damasco, uma ação que atribui a Israel e que provocou a morte de sete membros da Guarda Revolucionária. 

A emissora pública israelense Kan informou que Netanyahu desistiu dos bombardeios de retaliação depois de discutir a questão com o presidente americano, Joe Biden, que tenta evitar um confronto direto entre Israel e Irã. 

“Haverá uma resposta, mas será diferente do que foi previsto inicialmente”, declarou uma fonte do alto escalão do governo, sob a condição do anonimato.

Segundo o chanceler do Irã, seu país afirmou aos Estados Unidos que não busca “uma expansão da tensão” com Israel. Um militar de alta patente iraniano alertou, no entanto, que seu país está preparado para lançar “mísseis poderosos” contra as instalações nucleares de Israel em caso de ataque.

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